Consumidores dão nota alta para distribuidoras
Maurício Corrêa, de Brasília —
Os consumidores de energia elétrica continuam muito satisfeitos com a qualidade dos serviços prestados pelas distribuidoras, segundo os dados divulgados, nesta quarta-feira, 18 de julho, pela Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee). O percentual do Índice de Satisfação da Qualidade Percebida (ISQP), em 2018, atingiu 76% de aprovação por parte dos usuários, segundo informou o presidente da organização, Nelson Fonseca Leite.
O ISQP vem sendo medido há 20 anos e, desde então, tem demonstrado um razoável nível de aprovação pelos consumidores. Em 1999, o ISQP foi de 66,2%, até atingir o pico de 79,9%, em 2009. No ano passado, foi de 76,8%. Nelson Leite explicou que a leve queda de 0,8% de 2017 para 2017 se insere dentro da margem de erro da pesquisa, que é de 1,3%.
Os números da distribuição de energia elétrica no Brasil são superlativos, como não poderiam deixar de ser em um país de dimensões continentais e com população de quase 208 milhões de habitantes. O mais relevante deles é que a energia elétrica é o serviço público que tem o maior percentual de universalização em todo o País, alcançando 99,8% da população brasileira. Apenas umas poucas comunidades em regiões muito isoladas ainda não foram alcançadas pelo mundo da eletricidade.
De acordo com os dados da Abradee, os consumidores de energia elétrica no Brasil somam 82,5 milhões e trata-se de um mercado ainda em expansão, com 1,8 milhão de novas ligações ao sistema a cada ano.
A pesquisa compreendeu os dados oferecidos por 43 associadas da Abradee, representando 99,7% do mercado. E o tamanho do mercado não é nada desprezível: são 421,1 mil GWh de energia elétrica, o que significa uma receita bruta de R$ 243 bilhões e investimentos anuais da ordem de R$ 16,1 bilhões. O Estado morde uma parcela considerável dessa receita: são R$ 90 bilhões em encargos e tributos.
Para Nelson Fonseca Leite, “é satisfatório podermos anunciar esses resultados, pois os dados mostram que temos conseguido manter uma média sustentada, com crescimento gradual, considerando tantas situações atribuladas que o setor tem vivenciado nos últimos anos, como o cenário hidrológico desfavorável e descasamento de caixa vivido nos últimos anos, dentre outras adversidades encontradas ao longo deste percurso”, observou.
Quando visto sob o ângulo da atuação regional das distribuidoras, o ISQP revela uma boa variação. A aprovação dos consumidores na região Sul é de 82%; no Sudeste, 78,3%; no Nordeste, 72,4%. Os dados das regiões Norte e Centro-Oeste foram agrupados na pesquisa e mostram uma satisfação de 67,9%.
A pesquisa mede várias situações que surgem no relacionamento entre as distribuidoras de energia elétrica e seus clientes: atendimento em geral, qualidade do fornecimento, informação, comunicação, imagem institucional e clareza dos dados das contas de luz. No total, são 29 itens que compõem o questionário dos pesquisadores do Instituto Innovare, que avaliaram apenas o universo dos consumidores residenciais.
No entendimento do presidente da Abradee, a pesquisa permite às distribuidoras verificar quais são as oportunidades que as concessionárias têm para oferecer melhorias aos seus clientes.
Na avaliação do executivo, os clientes às vezes não percebem que muitas situações que eles enxergam como negativas na conta de luz nem sempre são de responsabilidade das distribuidoras. Ele mostrou dados indicando que, em 2001, o valor da parcela da distribuição nas tarifas de energia elétrica (atualizado com base no preço de janeiro passado), era de R$ 208,00 por megawatt-hora, valor que caiu para R$ 114,00, em 2011 e agora está na faixa de R$ 99,00.
“Existem outros fatores que deixam a energia elétrica cara, como tributos, encargos, custos de geração, etc”, esclareceu, frisando que “o consumidor não percebe isso porque vem embutido dentro da conta de luz”.
Ele não comenta casos específicos das empresas associadas, mas é otimista quanto à privatização de seis distribuidoras que são vinculadas operacionalmente à Eletrobras. A começar pela Cepisa, do Piauí, no próximo dia 26, considerando que o segmento continua atraindo investidores. Para Fonseca Leite, uma distribuidora estatal tem muitas dificuldades para sobreviver no mundo competitivo, pois não tem autonomia para demitir, efetuar compras, etc. “Ser estatal é muito mais difícil”, afirmou.