Com muita água, UHE´s abrem as comportas
Da Redação, de Brasília (com apoio do MME/ONS) —
Superada a pior escassez hídrica da história, usinas hidrelétricas em várias regiões do País começaram a abrir suas comportas desde a última semana. O vertimento excepcional ocorre em decorrência de uma recuperação significativa dos níveis dos principais reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN). Os reservatórios já superam 60% de armazenamento neste mês de janeiro.
Ao longo deste mês, as chuvas estão acima da média em algumas áreas do Brasil. Isso vem fazendo com que os níveis dos reservatórios se elevem rapidamente, sendo necessário acionar planos de controle de cheias e vertimento em muitas bacias.
O Operador Nacional do Sistema (ONS) prevê afluência alta (acima de 80%) ao final de janeiro em todas as regiões do País, conforme boletim do Programa Mensal de Operação (PMO), referente aos dias 14 a 20 de janeiro.
Nos últimos dias, houve início de vertimento nas usinas do rio Madeira, no complexo Belo Monte, e nas bacias do rio São Francisco e do Rio do Grande. Para os próximos dias é esperado o início do vertimento na Hidrelétrica de Tucuruí. Na usina de Itaipu Binacional, as comportas da calha esquerda foram abertas neste sábado (14/01), com vazão de 1.400 (m³/s). A previsão de vertimento é de dez dias, mas a programação pode ser alterada.
Em geral, a abertura dos vertedouros ocorre por dois fatores principais: garantir a segurança das barragens, quando o volume dos reservatórios chega aos patamares máximos, e redução da demanda de energia. Assim, a água que passaria pelas turbinas é escoada nos vertedouros.
De acordo com o ONS, “temperaturas mais amenas em janeiro nas capitais do Sudeste, Centro-Oeste e do Sul, ante a mediana de temperaturas neste momento do verão” é um dos fatores que podem explicar a redução da demanda por energia nessas regiões. Os dados comparam o estimado para o final de janeiro deste ano ao mesmo período de 2022.
Previsões detalhadas do ONS
O boletim do Programa Mensal de Operação (PMO), referente ao período de 14 e 20 de janeiro, traz cenários prospectivos de Energia Natural Afluente (ENA) acima de 80% da Média de Longo Termo (MLT), ao final de janeiro de 2023, em todos os submercados do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Em três subsistemas, a ENA estimada é superior a 100% da MLT pela terceira semana consecutiva: o Sudeste/Centro-Oeste, onde se localizam cerca de 70% dos reservatórios do SIN, tem indicação de chegar em 122% da MLT, ante a previsão de 119% divulgada na semana anterior. O Norte segue apresentando o índice mais elevado: 156% da MLT (163% da MLT na passada). No Nordeste, a ENA em 31 deste mês pode ser de 108% da MLT (107% na anterior). A previsão para o Sul é de 84% da MLT, projeção superior aos 72% da MLT anteriormente indicados. Os dados indicam um regime de chuvas compatível com o período úmido, com precipitações acima da média em quase todo o País.
As projeções de Energia Armazenada (EAR) para 31 de janeiro nos quatro subsistemas estão, pela terceira semana seguida, acima de 60%. O destaque é o Sudeste/Centro-Oeste, cuja estimativa é fechar o mês com 67%. Caso a projeção se confirme, será o percentual de EAR mais elevado na região, para o período, há 11 anos, quando o percentual com 76,1%. Os cenários prospectivos para os demais submercados são: 83,1% no Sul (ante 81% indicados na semana passada), 70% (72,9%) para o Nordeste e o Norte com 70,1%, mesma projeção divulgada na última revisão.
Com relação à demanda da carga, a tendência aponta para redução no Sistema Interligado Nacional (SIN), com 2,2% (70.658 MWmed); no Sudeste/Centro-Oeste, com 3,7% (39.943 MWmed); e para o Sul, 7,5% (12.739 MWmed). As estimativas se invertem e apontam alta para os subsistemas Norte e Nordeste, com 13,1% (6.467 MWmed) e 2,3% (11.509 MWmed), respectivamente. Todos os dados apresentados comparam o estimado para o final de janeiro de 2023 ante o mesmo período do ano passado.
Para as previsões de carga da próxima semana operativa, foram consideradas premissas como as temperaturas mais amenas em janeiro nas capitais do Sudeste/Centro-Oeste e do Sul, ante a mediana de temperaturas neste momento do verão. Este é um dos fatores que pode justificar a redução da carga nessas regiões.