Ana: lama de Brumadinho deve parar em UHE
Maurício Corrêa, de Brasília —
A Agência Nacional de Águas (Ana) informou que a hidrelétrica Retiro Baixo, que está localizada a 220 km do local do rompimento da barragem de rejeitos de Brumadinho, possibilitará o amortecimento da onda de rejeitos liberados pelo acidente. Segundo estimativa da própria Ana, essa onda atingirá a UHE Retiro Baixo nos próximos dois dias.
A UHE Retiro Baixo está localizada na região dos municípios mineiros de Pompéu e Felixlândia, no rio Paraopeba. O empreendimento pertence à estatal Furnas e tem uma potência instalada de 82 MW. O grande problema em relação a esse desastre ecológico é que o mesmo rio Paraopeba, apenas alguns quilômetros a jusante da UHE Retiro Baixo, deságua no lago da hidrelétrica de Três Marias.
Se a UHE Retiro Baixo, que tem 42 metros de altura, não segurar a lama vinda de Brumadinho, vai comprometer a qualidade da água de Três Marias e do próprio rio São Francisco. De qualquer forma, estima-se que essa lama provocará um estrago na barragem de Retiro Baixo, afetando a capacidade de geração da usina da mesma forma que aconteceu com a usina Candonga, no rio Doce, que ficou paralisada durante meses em consequência do desastre ecológico de Mariana.
Uma nota distribuída pela Ana explicou que a agência “se solidariza aos afetados pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão (município de Brumadinho/ Minas Gerais). Estamos em constante comunicação com os órgãos e autoridades federais e estaduais, inclusive no âmbito de recente Acordo de Cooperação sobre Segurança de Barragens, que está permitindo troca facilitada e mais rápida de dados sobre a situação no local do evento”.
Também assinala que a Ana “está monitorando a onda de rejeito e coordenando ações para manutenção do abastecimento de água e sua qualidade para as cidades que captam água ao longo do rio Paraopeba. A barragem da Usina Hidrelétrica Retiro Baixo está a 220 km do local do rompimento e possibilitará amortecimento da onda de rejeito. Estima-se que essa onda atingirá a usina em cerca de dois dias. A fiscalização da barragem rompida, de acumulação de rejeito de mineração, cabe à autoridade outorgante de direitos minerários”.