Abraceel marca data para eleger Conselho
Maurício Corrêa, de Brasília —
Está aberta a corrida eleitoral para a eleição do Conselho de Administração da Abraceel, a associação dos comercializadores de energia. Este site apurou que as empresas associadas receberam, neste final de semana, a convocação formal para a Assembleia Geral Ordinária que será realizada no dia 14 de março próximo, em São Paulo, com objetivo de escolher os novos conselheiros, inclusive o presidente do grupo.
A Abraceel é uma organização que cresceu muito nos últimos anos e hoje conta com quase 100 associados. Tem uma governança muito peculiar, uma das mais transparentes do setor elétrico brasileiro, que consiste na eleição direta para escolha dos oito conselheiros, com mandato de dois anos. Depois da eleição dos conselheiros, no mesmo dia, a Abraceel promove imediatamente uma segunda eleição, para definir, entre os candidatos eleitos, quem será o presidente do conselho.
No processo de escolha organizado pelos comercializadores, as empresas associadas participam da eleição através dos seus representantes oficiais ou procuradores devidamente habilitados. Entretanto, só os representantes oficiais podem ser candidatos ao conselho, razão pela qual, nos dias que antecedem a eleição, costuma ocorrer uma mudança nos nomes dos representantes oficiais das empresas, para que os candidatos possam se registrar.
Neste ano, os nomes deverão ser indicados à Diretoria-Executiva da Abraceel até o dia 12 de março, de modo que possam ser preparadas as cédulas de votação para a escolha oficial, dois dias depois.
A eleição direta já é realizada há vários anos e representou um grande avanço na governança da Abraceel, até porque, como os comercializadores atuam nacionalmente, observa-se uma forte competição entre eles. O CA é eleito pelas empresas associadas e cabe aos conselheiros escolher os profissionais que ocuparão a Diretoria-Executiva.
Embora algumas pessoas não apreciem esse sistema, seus defensores gostam de argumentar que a eleição direta faz com que a Abraceel seja uma associação que não tenha donos, o que, em tese, garante a isonomia entre os associados nos processos de tomada de decisões.
Nos próximos dois meses, até o dia da eleição, o ambiente interno se transformará em um verdadeiro ambiente eleitoral e os candidatos visitarão os eleitores, nos seus estados, em busca dos votos, do mesmo modo que ocorre em uma eleição partidária. Como em todas as eleições diretas, costumam ficar algumas sequelas face à frustração de candidatos que não se elegem.
A governança da Abraceel guarda semelhanças com o sistema parlamentarista, pois o presidente do Conselho de Administração não tem funções executivas. Os diretores, sim, são responsáveis por seus atos e se reportam ao Conselho, que acompanha periodicamente a aplicação do orçamento, o andamento das demandas internas, etc.
Neste ano, a eleição para o CA da associação dos comercializadores se reveste de uma importância especial, pois o mercado livre, no qual esses agentes operam, está em vias de aumentar a sua participação no mercado total de energia elétrica no País (hoje, está em torno de 30%). Consequentemente, a associação ficará muito mais importante além do que já é. Sob o ponto de vista de uma política empresarial, torna-se relevante, então, ser conselheiro da Abraceel.
O primeiro representante oficial a registrar a sua candidatura foi Ricardo Lisboa, da comercializadora Delta, que já é o atual presidente do Conselho de Administração. Por enquanto, ele é apenas candidato à reeleição para o CA e poderá ou não ser candidato à reeleição para a presidência, o que vai depender das circunstâncias internas da associação nos próximos dois meses. A “guerra” está apenas começando.