Escolhas para CA da CCEE agitam bastidores
Maurício Corrêa, de Brasília —
Na hierarquia da Marinha, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque Junior, é um almirante de Esquadra. Mas, no SEB, ele, com apenas uma semana de gestão, por enquanto é uma espécie de marinheiro, que equivale ao soldado do Exército.
Não, não é um desrespeito ao alto cargo do ministro-almirante. Acontece que ele é realmente novo no setor elétrico e, nestes primeiros dias de administração, por enquanto está tateando em relação aos assuntos que vai encontrar pela frente.
Na sexta-feira, dia 04 de janeiro, ele foi recebido pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e foi explicado como funciona a Operação e quais as perspectivas do suprimento para 2019, que são as melhores possíveis, sem qualquer ameaça de faltar energia elétrica.
Nesta segunda-feira, 07 de janeiro, ele começou o dia bem cedo em São Paulo, onde foi recebido pelos integrantes do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. O ministro foi apresentado às complexidades que regem a contabilização e liquidação dos contratos de energia elétrica, além das outras funções atribuídas à CCEE. O novo ministro está seguindo o manual e conhecendo a casa, o que é absolutamente normal e altamente justificável.
Mas, como não é da área e além do mais é um oficial superior da Marinha, com alguma fama de linha dura, também é normal que ainda não tenha desenvolvido um ambiente dentro do MME que lhe permitisse, nesta segunda, por exemplo, conhecer os bastidores que rolam visando à ocupação de postos no Conselho de Administração da CCEE. Tem muita fofoca comendo solta nessa área.
Dois mandatos de conselheiros da Câmara se encerram em abril próximo. O primeiro mandato de Rui Altieri, o atual presidente do Conselho de Administração da CCEE, é um deles. Pode ser reconduzido para um segundo período, mas uma parte significativa do mercado gostaria que isso não acontecesse. Altieri está fazendo a sua diplomacia e buscando, legitimamente, permanecer à frente da Câmara.
O mandato do conselheiro Roberto Castro também termina em abril, sem direito à recondução. Este site apurou que tem muita gente boa de olho grande nos dois cargos.
A contadora Marisete Dadald batalhava para suceder Rui Altieri, mas aconteceu algo melhor: ela foi indicada pelo próprio ministro Bento para ocupar a Secretaria-Executiva do MME. No mundo das fofocas de Brasília, diz-se que Marisete talvez se sentiria mais à vontade na CCEE, razão pela qual ela ficaria como vice-ministra até abril e, quando vagasse a presidência do Conselho de Administração da CCEE, ela se transferiria para São Paulo, sendo substituída por Reive Barros, atual presidente da EPE que esperaria a troca na SG como secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME.
É muita especulação, mas o mundo de Brasília é assim mesmo, formado por fatos verdadeiros e pelo imaginário. Nesse contexto, um antigo diretor da Aneel, Tiago Correia, que está cumprindo quarentena, também estaria pleiteando uma posição no conselho da CCEE. Tecnicamente, Tiago é muito respeitado. Contra ele, não se pode negar, existe o fato que, no MME, era considerado um petista de carteirinha e que foi graças às conexões com o Partido dos Trabalhadores, principalmente a ex-presidente Dilma Rousseff, que teria sido indicado para a agência reguladora. Foi um bom diretor na Aneel, mas existe uma coisa chamada mundo político. Então, é preciso conferir se Tiago será despetizado ou não.
Quem está também muito interessado no Conselho de Administração da CCEE, embora não tenha nada com isso, é o diretor-geral da Aneel, André Pepitone. A Aneel inteira sabe que ele trabalha em favor do superintendente Christiano Vieira da Silva. É inegável que Pepitone perdeu poder com a indicação do ministro Bento, mas também ganhou, logo em seguida, com a escolha de Marisete Dadald, que é do mesmo grupo, para a Secretaria-Executiva do MME.