Abragel contesta custos reais das alternativas
Maurício Corrêa, de Brasília —
O custo real para os consumidores da energia produzida por três fontes renováveis e incentivadas (biomassa, eólica e solar) está sendo questionado pela Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), que pediu à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que os recalcule e os compare com o custo real das PCH´s, que é a fonte representada pela associação.
Este site teve acesso à carta que Ricardo Pigatto, presidente executivo da Abragel, encaminhou ao diretor-geral da Aneel, André Pepitone da Nóbrega, no dia 14 passado. Segundo o argumento da associação, defendido há algum tempo, os empreendimentos de PCH´s têm sido prejudicados nos leilões de energia, pois o custo das três fontes alternativas não corresponde ao custo real coberto pelos consumidores.
O cálculo solicitado, de acordo com a Abragel, “se faz necessário visto que, atualmente, o cenário da geração de energia elétrica no Brasil é fortemente influenciado pela intermitência da fonte eólica (característica intrínseca à fonte), que, para ser suportada sem danos de suprimento ao consumidor final, gera custos ao mercado”.
A Abragel entende que, face à intermitência das eólicas, o preço da compensação é suportado pelos consumidores finais, que pagam o CVU do óleo combustível e do diesel, através da CDE, e pelos geradores participantes do MRE, que não são ressarcidos pelo serviço ancilar prestado.
A associação das PCH´s fez as contas e, na correspondência a Pepitone, esclareceu que o custo do acionamento de térmicas, no Nordeste, para compensar a intermitência da energia eólica, pode ter atingido algo em torno de R$ 2,5 bilhões em 2017.
“Além do despacho das térmicas, a intermitência cria a necessidade de se deixar as UHE´s operando em regime de reserva girante para atendimento da demanda, nos momentos em que o vento diminui. Basicamente, as UHE´s trabalham em carga parcial, enquanto as eólicas estão com boa geração, aguardando o momento em que essa geração diminui para que possam operar de forma a compensar esse déficit”, diz a carta da Abragel ao diretor-geral da Aneel.
Os dirigentes da associação das PCH´s entendem que os consumidores pagam, indiretamente, um preço muito mais alto pela energia de uma fonte do que aquele negociado no leilão. Isso, obriga as UHE´s a serem ineficientes e essa ineficiência é rateada para outros agentes no âmbito do MRE.
Por isso, a Abragel solicitou à Aneel que calcule, para fins de transparência ao mercado, o valor real da energia das fontes alternativas renováveis, considerando seu preço de leilão adicionado de todos os custos necessários para compensar o efeito da intermitência e outras influências que porventura incidirem sobre o Sistema Interligado Nacional.