Este editor confessa que se espanta com a rotina de viagens ao exterior dos diretores e servidores qualificados da Aneel. Afinal, dia sim e outro também a Aneel vive reclamando que a agência está quebrada, que o orçamento está apertado, que não tem dinheiro nem para o papel higiênico usado na sede da agência. É o mesmo nhem-nhem-nhem todo dia. Mas dinheiro para viajar não falta. É só ver no “Diário Oficial”: a rubrica viagens na Aneel está a pleno vapor.
Nesta quarta-feira, 24 de setembro, o “Diário Oficial” disponibiliza uma informação que é impressionante. O diretor Gentil Nogueira de Sá Júnior tomou posse no dia 16 de setembro, há uma semana, e já tem viagem marcada para o exterior, nas asas da Aneel Tour. Ainda bem que a viagem ocorrerá só no final de novembro e até lá dá tempo para preparar o passaporte.
No período de 25 a 30 de novembro, o diretor Gentil vai participar de um evento chamado Coniben 2025, em Portugal. Esse evento deve ser tão importante, que a Aneel vai mandar dois diretores para representá-la institucionalmente. Segundo o DOU, na companhia de Gentil vai o diretor Fernando Mosna.
A propósito destas informações que o site “Paranoá Energia” publica sobre as viagens internacionais do pessoal da Aneel, o editor entende que valem duas explicações:
- O site não vai resolver os problemas do mundo. Se esse tipo de coisa ocorre na Aneel, provavelmente também acontece em outras áreas da administração pública federal, o que é o fim da picada. É simplesmente uma vergonha e o site não pode fazer nada para resolver. É ilegal? Não. Mas no mínimo é imoral. Mas o editor acredita que, em algum momento, alguém da área de Controle do Governo Federal também poderá indignar-se com isso e tomar uma atitude, do tipo chamar a agência e perguntar algo como: “Vocês não percebem que tem um evidente exagero aqui?”.
- Há poucos dias, alguém, em tom de brincadeira, disse que este editor estava era com inveja em relação a essas viagens da Aneel Tour. Mesmo como brincadeira, é uma bobagem total. O editor viajou com o seu próprio dinheiro durante 50 anos. Conhece uns 40 países em todos os continentes. Não viaja mais por dois motivos: velho que não é aposentado pelo Estado não tem dinheiro e além disso com a idade o editor ficou com medo de longas viagens de avião. Não dá mais para estar no meio do Atlântico e sentir turbulências. As turbulências da vida diária, em terra, já são suficientes. No ar, numa viagem transatlântica, são totalmente dispensáveis.
Mas voltando à nossa querida Aneel, o editor de fato pergunta se os responsáveis pela agência não têm desconfiômetro. Parece que não. Esta viagem em novembro a Portugal, por exemplo. A Aneel precisa mandar dois diretores para representá-la num evento em Lisboa para discutir transição energética? Aliás, como se não fossem suficientes dois diretores da Aneel, o evento também terá dois diretores do ONS: o geral, Marcio Rea, e o de Operações, Christiano Vieira, segundo mostra o próprio site do Coniben 2025.
O Brasil está realmente nadando em dinheiro. A tal história de déficit público é absolutamente sem procedência. Pelo menos no setor elétrico oficial, o Brasil, em termos de grana, vai muito bem, obrigado.
Boa viagem a todos, nas asas da Aneel Tour e da ONS Tour.
Atualizando o texto às 15h35m:
A assessoria de Imprensa do ONS esclarece que o diretor-geral do Operador, Marcio Rea, não participará do evento Coniben 2025, em Portugal. Houve um convite nesse sentido, mas Rea não chegou a bater o martelo sobre a sua presença, razão pela qual a informação contida no site do evento não corresponde à realidade dos fatos. O ONS será representado apenas pelo diretor de Operações, Christiano Vieira.