Reino Unido quer nuclear para banir gás russo
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou nesta quinta-feira, 7, planos para construir mais usinas nucleares, aumentar a produção de energia renovável e explorar ainda mais as reservas domésticas de petróleo e gás para ajudar o país a reduzir sua dependência da energia russa após a invasão da Ucrânia.
Os preços do petróleo e do gás natural dispararam nos últimos meses, primeiro com o aumento da demanda por energia após a pandemia de covid-19 e, mais recentemente, em meio à preocupação de que a guerra possa reduzir o fornecimento da Rússia. Os altos preços estão alimentando uma crise de custo de vida no Reino Unido, onde os preços do gás e da eletricidade aumentaram 54% este mês.
Na quinta-feira, o governo respondeu a essas questões com o que chamou de estratégia para impulsionar “independência energética, segurança e prosperidade de longo prazo”. “Trata-se de enfrentar os erros do passado e garantir que estamos bem preparados para o futuro”, disse Johnson em Hinkley Point C, uma usina nuclear em construção no sudoeste da Inglaterra.
O projeto inclui planos para construir oito novos reatores nucleares até 2050, triplicando a produção de energia nuclear do Reino Unido para 24 gigawatts, ou um quarto da demanda projetada de eletricidade. Um dos principais desafios para atingir esse objetivo é o desenvolvimento de tecnologia ainda não comprovada para pequenos reatores modulares com menos de um terço do tamanho dos reatores existentes, disse o governo.
O governo também anunciou uma nova rodada de licenciamento para projetos de petróleo e gás no Mar do Norte, dizendo que esses combustíveis seriam fundamentais para a segurança energética do Reino Unido e como uma transição para energia renovável de baixo carbono. O governo também argumentou que o petróleo e o gás produzidos internamente teriam uma pegada de carbono menor do que a energia estrangeira que precisa ser transportada para o Reino Unido.
Outros elementos da estratégia incluem a promoção do uso da energia solar e o aumento da produção de hidrogênio para uso em células de combustível. Respondendo às críticas de que o plano faz pouco para lidar com o atual alto preço do gás e da eletricidade, Johnson destacou um pacote de medidas de 9 bilhões de libras (US$ 11,8 bilhões) anunciado anteriormente para ajudar os consumidores a compensar o aumento do custo de vida.
Estônia vai banir gás russo
A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, anunciou nesta quinta-feira, 7, que o país báltico irá ficar “livre” do gás russo até o final deste ano. Em comunicado do governo local, a líder afirmou: “devemos parar de comprar gás do regime do presidente Vladimir Putin o mais rápido possível, já que eles estão usando a receita das vendas para financiar sua guerra contra a Ucrânia”.
A administração apontou uma série de medidas para buscar contornar a menor oferta. Dentre elas, estabelecer uma instalação na cidade Paldiski para o armazenamento de gás natural para que um terminal possa ser utilizado a partir do outono local, aponta. “Isso representa uma oportunidade não apenas para a Estônia, mas para nossa região de forma mais ampla, de entrar no inverno sem qualquer dependência do gás russo”, diz o governo. Além disso, a Estônia busca aumentar as reservas de fontes alternativas, apontou Kallas.
Ex-república soviética, a Estônia vem sendo uma das mais vocais defensoras na União Europeia de maiores ações contra a Rússia. Hoje, em entrevista à BBC, Kallas afirmou que o não foi feito o suficiente para ajudar a Ucrânia, e que é fundamental continuar com a ajuda militar. A primeira-ministra disse ainda que é preciso “colocar fortes sanções aos transportadores de energia russos para parar de financiar a máquina de matar”.