Petrobras exerce preferência em três áreas do pré-sal
A Petrobras apresentou nesta quinta-feira, 25 de maio, ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), a sua primeira manifestação formal em relação ao direito de preferência para a segunda e a terceira rodadas de licitações de blocos exploratórios sob o regime de partilha de produção.
Segundo o fato relevante, enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a diretoria da estatal concluiu por exercer o direito, com porcentual mínimo de 30% em cada, pela área unitizável adjacente ao campo de Sapinhoá, na segunda rodada, e Peroba e Alto de Cabo Frio Central, na terceira rodada.
O valor correspondente ao bônus de assinatura a ser pago pela companhia, considerando que os resultados dos leilões confirmem apenas as participações mínimas acima indicadas em cada bloco, é de R$ 810 milhões.
Segundo o fato relevante, novas prioridades foram estabelecidas no planejamento, de modo a prever os recursos financeiros para aquisição dessas áreas exploratórias, sem impactos nas métricas durante o período do Plano de Negócios e Gestão 2017-2021.
“O posicionamento da Petrobras nestas licitações está alinhado aos fundamentos do seu Plano Estratégico, que prevê a sustentabilidade da produção de óleo e gás, com fortalecimento do portfólio exploratório e atuação em parcerias”, informou a empresa.
A Petrobras também ressaltou que pode ampliar o porcentual de 30%, formando consórcios para participar das licitações. Sobre as áreas que não exerceu o direito de preferência, a estatal petroleira pode participar em condições de igualdade com os demais licitantes, seja para atuação como operador ou como não-operador. “Com a conclusão destas duas rodadas, previstas para ocorrerem em 2017, a companhia comunicará tempestivamente ao mercado os resultados de sua participação, em cumprimento à legislação vigente.”
Limitações financeiras por conta do comprometimento do caixa com o pagamento de dívidas somadas a critérios técnicos levaram a Petrobras a escolher ser operadora em apenas três, dos oito reservatórios de pré-sal que serão oferecidos em leilão pela União neste ano.
O presidente da companhia, Pedro Parente, afirmou que “restrições de natureza financeira” pesaram na escolha, mas também critérios técnicos como o risco exploratório, o investimento em infraestrutura logística que cada área demanda, a integração com os campos já operados pela Petrobras e o perfil geológico que vai determinar o tipo de equipamento que deve ser usado nas áreas.
A Petrobras anunciou nesta quinta-feira, 25 de maio, pela manhã que vai exercer o direito legal garantido a ela de operar no pré-sal as áreas de Sapinhoá e Peroba e Alto de Cabo Frio Central. A empresA abriu mão de reservatórios considerados atrativos, como Pau Brasil. “Todas as áreas (de pré-sal que vão a leilão neste ano) são muito boas. Mas a decisão é relativa. Nenhum dos campos é ruim”, disse Parente, em coletiva de imprensa.
O executivo acrescentou ainda que a Petrobras poderá concorrer por outras áreas além das três para as quais indicou preferência A partir de agora, iniciará a fase de conversas com outras petroleiras para a formação de consórcio, modelo prioritário na estratégia da companhia. É possível ainda que a empresa escolha ter participação superior ao mínimo de 30%, previstos em Lei.
Em coletiva de imprensa, a diretora de Exploração e Produção da estatal, Solange Guedes, destacou também que a empresa está de olho nos blocos que serão oferecidos na 14ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em regime de concessão. “Continuaremos a avaliar demais áreas oferecidas nos leilões”, acrescentou.
Para dar conta de tantos investimentos, alguns projetos foram postergados, como a exploração de campos marítimos na Bahia. Assim, a estatal informou que conseguirá dar conta do pagamento de R$ 810 milhões em bônus de assinatura para operar os três blocos para os quais indicou preferência.
O valor equivale a 0,3% do seu planejamento estratégico para o período de 2017 a 2021. O investimento na exploração e no desenvolvimento da área acontecerão no futuro e farão parte apenas das extensões do atual plano de negócios.
O presidente da Petrobras esteve reunido com a presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos, na noite de quarta, para discutir a venda de participações da estatal em distribuidoras estaduais de gás natural.
Em coletiva de imprensa para divulgar as áreas de pré-sal para as quais a estatal vai exercer o direito de preferência previsto em Lei, Parente informou ainda que está mantida a meta de vender US$ 21 bilhões em ativos até o fim de 2018.
“Estamos recomeçando o processo e evoluímos com dois anúncios seguidos”, disse o executivo, acrescentando considerar natural que o programa de desinvestimento tenha ficado mais lento neste ano, após a readequação do modelo de venda dos ativos às exigências do Tribunal de Contas da União (TCU).
Sobre a atual crise política, Parente afirmou que a Petrobras “trabalha para cumprir o planejamento estratégico” e que acontecimentos pontuais não podem interferir na indústria petroleira, cujos investimentos e retornos são de longo prazo. “Não podemos estar presos a decisões de curto prazo”, afirmou.