Em 12 anos, acidentes diminuem 16%
Da Redação, de Brasília (com apoio da Abradee) —
O número total de acidentes entre a população brasileira envolvendo a rede de energia elétrica vem caindo significativamente nos últimos anos. Dados da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica
(Abradee) revelam que, desde que começou a fazer a campanha, em 2006, houve uma queda anual de 16% nos acidentes, totalizando uma média de 838 acidentes por ano.
Neste mesmo período, a média anual de mortes totais também caiu 14%, totalizando 293 mortes/ano, isto representa que foram evitadas 47 mortes/ano. A menor taxa de incidências revela o resultado das campanhas de conscientização que as distribuidoras têm feito junto à população, com o reforço em ações focais
direcionadas às principais causas.
Este ano, a XII Semana Nacional de Segurança com Energia Elétrica realizada pelas concessionárias pretende alcançar cerca de 120 milhões de pessoas em todo o País, com a adesão das 43 empresas associadas à Abradee. A campanha ocorre entre os dias 05 e 11 de novembro de 2018.
A cada ano, as distribuidoras reforçam as ações da campanha com base nos tipos de acidentes mais comuns motivados pelo contato da população com a rede elétrica. Com o slogan “É ai que mora o perigo”, a iniciativa tem o objetivo de conscientizar para prevenir, e este ano, chama a atenção para cinco situações do dia a dia das pessoas
que têm sido as principais razões dos incidentes: construção/manutenção predial; ligações clandestinas; pipa; instalações de antena de TV; e poda de árvore.
Para o presidente da Abradee, Nelson Fonseca Leite, a queda contínua nos números de acidentes com a rede elétrica ao longo dos anos demonstra a importância de ações de conscientização e prevenção. “A cada ano reforçamos a campanha entre as distribuidoras de energia de todo o país. Vemos os resultados deste trabalho ao observar que, de 2009 a 2017, tivemos uma redução total de óbitos nos cinco tipos de ocorrência abrangidos pela campanha. Isso é uma notícia muito boa”, afirmou.
Dados do levantamento
No total, foram registrados pelas distribuidoras 863 acidentes em todo o País. Destes, 252 foram de maior gravidade e ocasionaram a morte das vítimas (no ano anterior, foram registrados 12 casos fatais a menos). As distribuidoras apontaram na pesquisa 14 tipos diferentes de ocorrências provocadas pelo contato das pessoas com a fiação elétrica, incluindo as cinco principais já mencionadas.
Assim como nos anos anteriores, o principal responsável pelas mortes ocasionadas pelo contato com a rede de energia é a construção/manutenção predial, com 29% dos casos no último ano. Nos últimos nove anos (2009 a 2017) houve um total de 736 mortes em situações como esta.
Já o ítem ligações elétricas clandestinas, o famoso “gato”, é a segunda maior causa de mortes em acidentes com a rede, com um total de 11% dos casos em 2017. O segundo lugar nesta lista também revela a recorrência deste tipo de acidente, tendo em vista que nos anos anteriores, também figurava na mesma posição. De 2009 a 2017, período de nove anos, 279 pessoas morreram por contato com os fios ao tentar fazer as ligações clandestinas.
No mesmo período, foram registradas 136 mortes por conta do contato das vítimas com a fiação enquanto instalavam antena de TV; 127 pessoas morreram enquanto faziam poda de árvores, e 77 enquanto empinavam pipa
perto da rede de energia elétrica das distribuidoras. Em relação às taxas de gravidade e de frequência dos acidentes (incluindo os fatais), de 2001 a 2017, houve uma redução de 47% nos acidentes com alta gravidade. Já a frequência dos acidentes ao longo do período teve uma queda de 32%.
Em 2001, para uma população de 171,9 milhões, foram registradas 381 mortes, ou seja, uma morte para cada 451 mil habitantes. Se essa relação tivesse sido mantida, a estimativa para o ano de 2017 (população de 207,7 milhões de habitantes) seria um total de 460 mortes. Considerando que foram apuradas 252 mortes em 2017, conclui-se que, em 2017, foram “evitadas” 208 mortes.
Dados por região
Analisando os casos de acidentes fatais no período de nove anos (2009 a 2017), envolvendo os cinco principais tipos de acidentes abordados pela campanha, o número total de pessoas que faleceram no Brasil foi de 1.355. Destes, 191 casos ocorreram na região Norte (que conta com 8,6% da população brasileira); 382 no Nordeste (27,6% dos habitantes); 538 no Sudeste (41,9% dos brasileiros); 140 no Sul (14,3%); e 104 no Centro-Oeste (7,6%).
Na busca pela universalização, as distribuidoras vêm estendendo suas redes elétricas para as periferias e áreas rurais mais distantes, incorporando contingentes populacionais com baixo nível de informação e conscientização sobre os
cuidados necessários para uma convivência segura com as redes elétricas. Em 1966, apenas 40% da população brasileira eram atendidos pelas redes das concessionárias (seis milhões de consumidores). Atualmente, em todo o país, são mais de três milhões de quilômetros de rede de distribuição para atender 207,7 milhões de habitantes, com uma cobertura de 99,8% dos domicílios e com 1,8 milhões de novas ligações ano.
As distribuidoras, isoladamente, sempre atuaram no sentido de orientar seus consumidores sobre os riscos da energia elétrica e como evitá-los. A partir de 1990, para acompanhar mais de perto essa atuação, a Abradee e a Fundação Coge implementaram a coleta sistemática de dados das concessionárias. Em 2006, a Abradee e suas associadas promoveram a primeira campanha nacional para prevenção de acidentes com a rede elétrica e vêm repetindo esta mobilização todos os anos.
Os resultados têm sido positivos, segundo a Abradee. A redução sustentada nos índices gerais, ano a ano, reflete o resultado das campanhas e de outras ações que se complementam. Uma delas é a busca permanente das distribuidoras pela melhoria das condições de segurança de suas redes. Embora necessária e indispensável, uma rede em perfeitas condições técnicas e de segurança, por si só, não impede que um ato imprudente resulte em acidentes.
“Por isso, a Abradee considera importante a participação na campanha por parte de toda a sociedade, governos, imprensa, e também entidades ligadas à construção civil. Cabe ressaltar que, mesmo com esta busca permanente pelas distribuidoras, da melhoria das condições de segurança de suas redes, vale a pena lembrar que o uso
dos postes é compartilhado e ações semelhantes devem ser feitas também pelos outros usuários”, explicou o presidente da associação.