A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) realizou nesta quarta-feira, 12 de novembro, em São Paulo, o 5º Workshop do Projeto Meta II – Formação de Preço. No entendimento deste site, é importante que a CCEE esteja preocupada com a formação dos preços na energia elétrica. Faz parte das suas atribuições.
O workshop não trouxe novidades. A CCEE concorda com a proposta formulada por uma empresa de consultoria, no sentido que a formação de preços, no Brasil, evolua da atual total dependência dos modelos matemáticos para um modelo híbrido, em que o modelo atual, baseado nos custos, receberá contribuições de ofertas pelos agentes.
Este site tratou da questão várias vezes. O editor do “Paranoá Energia” respeita quem se dá ao trabalho de estudar longamente o modelo matemático atual, mas acha que tudo isso não passa de uma ilusão acadêmica. E que obviamente encarece o preço da energia elétrica e faz a alegria das empresas de consultoria.
Há algumas décadas, o setor elétrico brasileiro é obrigado a conviver com os preços formatados pelos programas computacionais desenvolvidos pelos gênios matemáticos encastelados no Cepel, no ONS e em algumas consultorias. São esses gênios que dizem qual será o preço da energia elétrica, como se as pessoas, nas empresas, fossem analfabetas e não soubessem calcular custos e formatar preços.
Existe também uma espécie de comodismo e medo, pois muitos executivos temem definir o preço e nesse contexto é muito mais cômodo que seja formatado por uma máquina. Se houver algum problema, o erro será da máquina e não da pessoa. Enfim, apenas medo e excesso de cuidados com a proteção do emprego.
Esse modelo híbrido anunciado pela CCEE é uma maneira tímida de dar uma satisfação, pois todo mundo sabe que os tais modelos matemáticos não funcionam. Bem, o Brasil é um País meio devagar, sofre e aceita passivamente a ação dos lobbies, e e possível que, por volta do ano 2200, o Brasil adote um modelo puro de formação de preços por oferta. Este editor não acredita muito, mas torce com sinceridade para que isso aconteça um dia.
Assim, o que aconteceu na CCEE, na semana passada, não é motivo para ninguém do setor elétrico brasileiro perder o sono. Não vai acontecer nada no curto e no médio prazo e esses caras vão ficar aí, enrolando, como se estivessem produzindo algo de fato relevante para o SEB. Faz parte do teatro. Tipo: “Vamos fazer uma pequena abertura aqui, bem pequenininha, para que esses caras parem de encher o saco e a gente possa manter os preços matemáticos numa boa”. Isto é uma fantasia do editor, mas, na vida real, deve ser mais ou menos assim.
É só enganação. Mais uma de tantas que compõem a formação de preços com base nos modelos computadorizados.
O pior é que tem gente que gosta.