Governos são entidades interessantes. Fazem as suas merdas e querem sempre punir a sociedade ou os agentes econômicos pelo erros que eles, os manda-chuvas, cometem. Jamais assumem as lambanças que praticam.
Essa história do curtailment é muito típico disso que o editor está falando. Na origem, é um tremendo erro de planejamento do setor elétrico e a confusão de hoje mostra que as autoridades setoriais estão totalmente perdidas, sem saber o que fazer com este racionamento ao contrário (tem capacidade sobrando e não pode gerar a energia).
Vamos relembrar. Sucessivos governos, nos últimos anos, adoravam receber empresários que tinham projetos de enormes usinas solares ou eólicas e queriam colocar funcionando o mais rápido possível. Os olhinhos dos ministros de Minas e Energia ficavam brilhando. O Governo até criou o marketing da transição energética justa, de olho na COP de Belém. O governo inteiro embarcou nesse blá-blá-blá, gastando horrores em publicidade oficial.
Mais empregos, mais geração limpa, mais tributos. Quem não quer? Só não havia linhas de transmissão para distribuir toda essa energia. O problema foi crescendo lentamente. Os ministros vibrando. O atual ministro, quando a crise já estava instalada e dando o ar da graça, não recusou convites para visitar parques solares, principalmente na sua base política, em Minas Gerais.
Agora a crise tá aí, afetando todos os geradores, não apenas os eólicos e solares. Fala-se agora em punir as pequenas centrais hidrelétricas, da mesma forma como querem punir as pessoas que colocaram placas solares nos seus telhados, para tentar fugir das contas de luz exorbitantes. Esses caras que mandam no setor elétrico brasileiro estão em outra órbita.
A sugestão deste site é radical: em primeiro lugar, demite-se todos, inclusive o estagiário do ONS. Não dá para buscar uma solução com as mesmas pessoas que contribuíram para a crise atual. Em seguida, com gente mais responsável ocupando funções estratégicas no MME e nas áreas institucionais vinculadas, tenta-se encontrar uma solução em consenso com os agentes setoriais. Não repetir a palhaçada do GT Chapa Branca do MME, que só tem gente do Governo.
Sim, é verdade que vai ser uma confusão danada, gente reclamando de tudo quanto é lado, até porque os agentes não querem perder mais dinheiro. Mas não tem outro jeito. Tem que conversar e tentar encontrar uma solução. Uma espécie de câmara setorial, como acontecia lá nos tempos do presidente FHC. É preciso que todos entendam que, enquanto algumas autoridades viajam alegremente prá lá e prá cá, como se habitassem outro planeta, o bicho tá solto e querendo morder a canela de todo mundo.
O setor elétrico brasileiro está acéfalo e ao mesmo tempo se desmanchando. Então, não tem outro jeito.Este editor pede desculpas por tanto pessimismo, mas é um problema que todos terão que enfrentar, queiram ou não.
Não adianta dar plaquinha para puxar o saco do atual ministro de Minas e Energia, porque dali não vai sair nada. Tem que ser uma solução radical, que passa pelo MME, ONS, Aneel e EPE e pelos próprios agentes econômicos. As geradoras estão em situação pré-falimentar e os bancos que as financiaram, principalmente bancos públicos e grandes bancos privados, estão preocupados com os seus balanços.
E que isto sirva de lição para o presidente Lula. Nunca compreendeu a importância de área de energia e colocou o MME num balaio para trocar por votos. Não é assim, presidente. O MME vale muito mais do que meia-dúzia de votos de algum partido oportunista que apenas deseja entrar na sua coalizão de Governo. O cidadão que foi para o MME só pensa na eleição de 2026 e tem o dom de indicar para postos estratégicos no MME gente que sabe menos do que ele. Cem por cento responsabilidade do presidente Lula.
Só podia dar nisso. Punir as PCH´s e a MMGD com restrições operativas é o fundo do poço. É a confissão que deu merda geral no sistema.
Tá na hora de mudar tudo e começar de novo.