Podem dizer o que quiserem. Este editor é pluralista, é tolerante com as ideias contrárias, e recebe com total naturalidade as críticas daqueles que o consideram um chato de galocha. Aliás, viva a liberdade de pensamento no dia nacional da França, cujo hino é um monumento à fraternidade.
Neste site, é possível ver que a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), organizou um evento, em São Paulo, para apresentar resultados de um projeto denominado Meta II, com o qual a Câmara pretende encontrar “caminhos” para a polêmica questão da formação dos preços da energia elétrica no Brasil. A matéria disponibilizada na seção Notícias trata da iniciativa da CCEE.
O projeto é desenvolvido em conjunto com uma empresa chamada PSR, que praticamente monopoliza (por seus próprios méritos, é bom que se diga) os trabalhos de consultoria envolvendo a formação dos preços da energia elétrica. Sabedoria técnica e científica não faltam à PSR.
Na opinião deste azedo editor, a CCEE apenas está jogando dinheiro fora. E deve ser uma boa nota, pois a PSR é uma consultoria cara, que não trabalha por poucos caraminguás.
Para encontrar caminhos, seria muito mais fácil e barato para a CCEE jogar fora pela janela tudo aquilo que diz respeito aos preços formados por programas computacionais. Apenas isso. Sairia de graça.
E qual é a razão que leva a CCEE a gastar uma nota (importante ressaltar que não há qualquer ilegalidade nisto e este site contesta apenas a validade do modelo) na contratação de um serviço que, na opinão desde editor, não vale nada? Por uma razão muito simples: medo. Apenas medo. Os executivos que lideram o SEB têm medo de acabar com os programas computacionais. Todos sabem que não valem nada, mas ficam sem saber o que fazer. Têm medo do que pode vir por aí.
Também é importante ressaltar que a CCEE não está isolada nessa tremedeira. Todo o setor elétrico brasileiro está. Como as pessoas têm medo de simplesmente acabar com os preços definidos por computador e deixar correr a verdadeira liberdade de mercado — que é aquela em que compradores e vendedores livremente negociam preços e batem o martelo — ficam nesse lenga-lenga de tentar encontrar caminhos para o modelo atual. E fazem naturalmente a alegria dos consultores.
O modelo atual simplesmente não tem saída. Já deu água há muito tempo. E todo mundo fica remendando esse troço, porque as pessoas apenas têm medo de trabalhar de uma forma simples, que existe desde os primórdios da humanidade e que não custa nada.
Mas é impossível mexer no modelo. Afinal, todo o setor elétrico brasileiro está estruturado em cima dos programas computacionais de formação de preço. Os gênios ganham uma grana torta. E há uma proliferação de gênios que saem do forno a cada semestre, pois na academia o que se aprende é isso: matemática pura em alta escala, algoritmos, fórmulas disso e daquilo, apenas porque os nossos executivos se borram de medo de formar preços da energia elétrica do mesmo modo como os feirantes definem o preço da batata. Os gênios mais antigos e os novos gênios que chegam a cada dia no mercado elitizaram a formação de preços da energia elétrica, de modo que só eles é que entendem como esse modelo sofisticado e inútil funciona.
Este editor sabe que uma das questões mais complexas da Economia é a tal da definição do preço. Por quanto devo vender a minha mercadoria? Os fabricantes/vendedores do mundo inteiro sofrem com essa pergunta tão simples. Na energia elétrica, deveria ser a mesma coisa. Então, como grassa a ignorância e os executivos simplesmente não sabem dizer quanto vai custar a tal da energia elétrica, apela-se para um software. É mais cômodo.
É por isso que esse negócio não acaba, pois todo mundo está pendurado nele. Geradores, consumidores, comercializadores, consultores, professores, Aneel, ONS, Governo, CCEE e por aí vai. É uma preguiça intelectual generalizada, embora paradoxalmente toda essa gente perca horas e horas de trabalho, tentando entender os programas computacionais. É uma preguiça curiosamente dotada de alto nível de sofisticação e conhecimento matemático. Enfim, não passa de uma embromation.
Os gênios, afinal, são grandes intelectuais, embora sejam especialistas em algo que este editor abominável não vê valor algum (como definidor de preços e não como produto do estudo, importante ressaltar).
A CCEE, a Aneel, o ONS, o Governo, as empresas, todo mundo está tentando encontrar caminhos para a formação de preços da energia elétrica no Brasil. Provavelmente, quando encontrarem, este editor — que é mais antigo que o rascunho da Bíblia, ou seja, é uma espécie de Matusalém — já estará enterrado em algum lugar. Não deve faltar muito tempo para que isso aconteça.
Bem, pelo menos a CCEE terá se esforçado para encontrar o caminho. Infelizmente, ainda vai morrer em muita grana até lá, mas o tempo é algo apenas relativo. Este editor não acredita que os programas computacionais do ONS sirvam para alguma coisa, mas os gênios das empresas de consultoria sempre podem dar uma mãozinha e encontrar uma solução.