Aneel respalda a Cpamp
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que foi criada com a missão de proteger os consumidores, acaba de embarcar, sem constrangimentos, nas bobagens produzidas no âmbito da Cpamp, aquela inexpressiva comissão existente no Ministério de Minas e Energia, que esconde a sua inutilidade atrás do biombo de uma coisa chamada programas computacionais de formação de preços da energia elétrica.
No dia 03 de julho, a agência reguladora oficializou a Nota Técnica 46/2023 – SGM/Aneel, que trata da tomada de subsídios para alteração dos procedimentos de rede face a expansão da Micro e Minigeração Distribuída, a chamada MMGD.
Cpamp é a sigla para Comissão Permanente para Análise de Metodologias e Programas Computacionais do Setor Elétrico. Este site já tratou dessa Cpamp várias vezes e não vai ficar perdendo tempo com essa aberração da tecnoburocracia. Essa Cpamp é absolutamente irrelevante e desnecessária.
Neste momento, o que surpreende é o fato de a Aneel, que tem um certo prestígio técnico, se deixar nivelar com a tal Cpamp e produzir uma nota técnica que contém a seguinte preciosidade, ao justificar a NT:
“…parametrização de aversão a risco embebida no algoritmo da programação dinâmica dual estocástica”.
Este editor, vale esclarecer, não está embebido no algoritmo. Só lamenta perceber que os gênios matemáticos que sustentam esse modelo ineficiente dos programas computacionais aparentemente estão entrincheirados também na Aneel.
O mais incrível é que a agência está se referindo a uma tomada de subsídios, o que pressupõe iniciativas da parte da sociedade em geral e não apenas dos gênios.
Este site não tem qualquer dúvida que esses programas existem para serem deliberadamente herméticos e assim garantir uma espécie de monopólio do conhecimento por parte dos gênios matemáticos, principalmente daqueles consultores que criaram esse modelo e que se esforçam no dia a dia para eternizar essas bobagens. O modelo poderia ser muito mais simples e em consequência mais barato. Mas, se pode complicar, para que simplificar?
Quando encontra uma idiotice como essa escrita numa NT da Aneel, este editor tem vontade de escrever um belo palavrão, mas se contém. Afinal, o conteúdo do site é aberto e podem existir leitores sensíveis a esse tipo de manifestação. Além disso, o editor é um idoso com muitas décadas de vida, criado num modelo antigo de educação e não é muito chegado aos palavrões. Mas que dá vontade de soltar um palavrão, isso dá.
Esse pessoal dos programas computacionais de formação de preço da energia elétrica acha que todo mundo é bobo. Puro engano. Até mesmo gente que opera esses programas não se cansa de rir e zombar dessas fórmulas matemáticas complexas, pois sabem que elas não levam a lugar nenhum.
Obviamente, este editor não tem nada contra a Matemática. Mas é preciso dizer que pouca gente no SEB leva realmente a sério esses programas computacionais. Até mesmo os especialistas que trabalham com eles.
Infelizmente, é pura enganação, apenas para garantir ótimos contratos aos consultores. Ou então garantir o emprego muito bem remunerado de meia-dúzia de especialistas das associações empresariais do setor elétrico, que se borram de medo de não ter o que fazer se de repente o modelo for radicalmente alterado e esses programas computadorizados perderem o sentido.
Então fica esse jogo meio cínico. A Cpamp perde um tempo danado com algo que não tem sentido. E pede o apoio de consultores para ajudar o Governo a encontrar solução para um troço que não tem saída. A Aneel tem a obrigação legal de dar sustentabilidade regulatória a esse monstrengo. As associações empresariais do setor elétrico morrem de medo de dizer abertamente que essa coisa é uma bobagem.
E como fica o consumidor de energia elétrica nessa história? Simplesmente não fica. Embora todos os envolvidos digam que falam em nome do consumidor, ele nem sabe que financia toda essa extraordinária perda de tempo.