É verdade: simulação do Dessem chega a R$ 60 mil o MW/hora
Este site já escreveu “N” vezes sobre uma brincadeira chamada preços da energia elétrica definidos por programas computacionais. Já havia até desistido de mencionar esse assunto novamente, para não ficar uma imagem de que está chutando cachorro morto. Ninguém leva mais esses programas a sério, embora não se saiba exatamente porque as autoridades não conseguem acabar com essa aberração. Infelizmente, precisa voltar ao tema, pois houve um fato grave que assim justifica.
Recentemente aconteceu uma nova belezinha, que mostra a total falta de aderência desses programas à realidade do setor elétrico brasileiro. Ficou todo mundo na moita com mais essa história, que provavelmente foi de novo culpa do pobre do estagiário do ONS. Os bruxos e gênios que dominam esses preços computacionais jamais erram.
Nos dias 02 e 03 de agosto passado, segundo apurado por este site, as simulações do Dessem indicaram o preço de até R$ 60 mil por megawatt/hora. Se alguém acha que leu errado, foi isso mesmo: R$ 60 mil por megawatt/hora, levando inclusive a diretoria da Abraceel a se reunir rapidamente com o ONS e a CCEE, para tentar entender a razão da lambança.
O modelo Dessem é utilizado nos processos da Programação Diária da Operação, pelo ONS, e no processo de formação do Preço de Liquidação das Diferenças, pela CCEE.
O valor da água simulado para as usinas Corumbá 1, 3 e 4 atingiu valores incrivelmente extraordinários, entre R$ 40 mil e R$ 60 mil o megawatt/hora, o que, no entendimento de agentes do mercado, certamente deve ter impactado o preço do Dessem.
“A CCEE informou que já está debruçada para entender o caso, juntamente com o Cepel. Identificaram que o incremento significativo da carga líquida em 1,6 GW também poderia justificar o impacto no preço e, por isso, não estão convictos do comportamento do modelo e suas causas. A Abraceel sugeriu que esse esclarecimento sobre o caso fosse comunicado para todo o mercado, o que foi bem recebido pelas duas instituições, tendo os representantes do ONS afirmado que tratariam do caso internamente, para possível divulgação no PMO. A CCEE prometeu esclarecer o assunto assim que tiverem um diagnóstico”, diz um informe sobre a questão encaminhado pela Abraceel aos seus associados a que este site teve acesso.
O ministro Adolfo Sachsida pediu a sua assessoria técnica para estudar os programas computacionais e pode ser que desse mato agora saia algum coelho. Já está passando da hora.