Por que a GD ficou fora da proposta do SEB?
Maurício Corrêa, de Brasília —
Vários agentes, de segmentos diferentes, em conversas reservadas com o “Paranoá Energia”, demonstraram a mesma dúvida: por qual motivo, em sua proposta de modernização do setor elétrico brasileiro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, teria deixado de fora a questão da geração distribuída. Nem toca no assunto, o que é no mínimo estranho.
De fato, a proposta de Silveira ignora totalmente a GD, o que deixou muita gente com a pulga atrás da orelha. Na visão desses interlocutores, o “curtailment” na região Nordeste é um dos principais problemas do SEB no momento e foi causado pelas geradoras eólicas e solares, que, por essa razão, sofrem as restrições operativas por parte do ONS. Trata-se de um tema super-importante na agenda do SEB.
As mesmas fontes, entretanto, arriscam uma resposta: como o ministro de Minas e Energia já vem sofrendo uma tremenda oposição principalmente no Senado Federal, onde o senador Davi Alcolumbre (União-AP) pede a sua cabeça, Silveira optou pelo caminho em que evita mais adversários, que poderiam surgir entre integrantes do forte lobby pró-GD que existe dentro das duas Casas do Congresso.
Dessa forma, para evitar dois opositores muito fortes, num só momento (Alcolumbre e parlamentares do lobby pró-GD), o ministro assinou uma proposta em que a GD simplesmente não existe. Jogou a briga para os lobbies do setor elétrico e caiu fora, como se não tivesse nada a ver com o problema.
Ser ministro, assim, é muito fácil. O cidadão vira ministro para administrar pepinos desse tipo ou piores. Não para lavar as mãos e fingir que não é com ele. É por isso que tem muita gente, não apenas o senador Davi Alcolumbre, que quer ver Silveira fora do MME.