Novo modelo: luta só está começando
Maurício Corrêa, de Brasília —
A matéria que está na manchete do site (“Associação alerta para altas no custo da energia com reforma proposta pelo MME”, produzida pela Agência Estado e disponibilizada pelo Paranoá Energia sob licença contratual) é apenas um indicativo do que vai acontecer de agora em diante no setor elétrico brasileiro. Uma espécie de petisco.
Sabe-se lá exatamente porque, Sua Excelência, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tomou a magnífica (para não dizer o oposto) decisão política de mandar a sua assessoria elaborar uma proposta de reforma do setor elétrico brasileiro sem ouvir ninguém nos diversos segmentos envolvidos.
É verdade que o texto ministerial aproveitou alguns itens de uma antiga proposta encaminhada por algumas associações empresariais do SEB, mas isto não altera o raciocínio.
O Sr Ministro teve uma ideia, obviamente, sem pé e sem cabeça, pois, nesse devaneio autoritário, o nosso brilhante titular do MME (para não dizer o contrário) perdeu a oportunidade de ter pelo menos um consenso mínimo em torno da sua proposta, que poderia evoluir para um consenso maior no devido momento.
Só mesmo da cabeça de Alexandre Silveira, que não tem qualquer intimidade com a área de energia, poderia brotar uma ideia desse tipo.
Oficializada a proposta do MME, aconteceu o que todo mundo no SEB já sabia o que ia acontecer, como mostra a manchete de hoje do site. Agora, é cada um por si. Cada segmento já começa a se entrincheirar, para defender os seus legítimos interesses.
Está na cara que, se desse processo resultar um texto final de reforma do setor elétrico, sairão vencedores aqueles segmentos que tiverem mais bala na agulha para se articular politicamente, principalmente com seus lobbies dentro do Congresso Nacional. Ninguém tem dúvida que será um deus nos acuda, um salve-se quem puder.
No dia 17 de abril, quando anunciou a oficialização da proposta de novo modelo feita pelo Ministério de Minas e Energia, este site escreveu: “Rezem”. Pois é isso, senhoras e senhores responsáveis pelas empresas que operam ativos que valem bilhões de reais nessa estratégica área da infraestrutura nacional: “Rezem” e busquem apoio político para defender os seus interesses empresariais, pois a luta está apenas começando.