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Galp inaugura centro de pesquisa na UFRJ

Da Redação, de Brasília (com apoio da Galp) —

A petroleira portuguesa Galp, com forte atuação no Brasil, onde está presente há 25 anos, -naugurou, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Id.Lab, um centro de pesquisa e tecnologia que representa um investimento R$ 100 milhões e tem o objetivo de se consolidar como um polo de inovação e descarbonização a partir de projetos que atendam às necessidades das operações da companhia.

Localizado no Centro de Tecnologia e Pesquisa instalado no LIPcat – a escola de química da UFRJ na Ilha do Fundão, na capital carioca – o novo centro representa um passo histórico para a Galp. Pela primeira vez, a companhia passa a contar com um centro tecnológico próprio, de grande escala no Brasil, capaz de testar soluções de forma integrada, com infraestrutura dedicada, equipamentos próprios e equipes especializadas.

Segundo a Galp, o laboratório desenvolverá projetos que englobam do upstream ao refino, visando otimizar a produção e desbloquear ativos offshore, incluindo a descarbonização de todas as operações industriais e abrangendo a produção de combustíveis de baixo carbono.

O projeto reforça o Brasil como um dos eixos estratégicos de inovação da empresa. Além disso, amplia a sua capacidade de responder às demandas crescentes do mercado energético, que busca a inovação constante para driblar os naturais desafios tecnológicos e de engenharia complexa para o desenvolvimento dos projetos offshore.

A Galp lembra que, em 2006, por exemplo, quando as primeiras reservas do pré-sal foram descobertas a cerca de 2 mil metros de profundidade, não havia à época tecnologia para a sua extração. O desenvolvimento dessa nova região, agora uma das mais produtivas do mundo, avançou lado a lado com o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas, muitas delas desenvolvidas por meio de programas com universidades e parceiros tecnológicos.

Parceiro científico

O LIPcap já atuava como parceiro científico da Galp em projetos de P&D. Instalado em um novo endereço no Parque Tecnológico da UFRJ, o espaço agora reúne infraestrutura ampliada, governança integrada à rede global de inovação e um time de cerca de 70 pesquisadores, engenheiros e especialistas dedicados a projetos financiados pela companhia. O laboratório também passa a integrar a rede Id.Lab – Laboratório para a Inovação e Descarbonização by Galp, que opera uma unidade-irmã na refinaria de Sines, Portugal.

O centro arranca com seis projetos em execução, com destaque para co-processamento em unidades de refinação; captura direta de CO₂ para produção de combustíveis sintéticos; e desenvolvimento de rotas para combustíveis sustentáveis de aviação (SAF). A agenda inclui ainda tecnologias de gestão e separação de CO₂ em ativos de upstream, essenciais para destravar reservas que ainda não entraram em produção e manter a Petrogal Brasil (JV Galp | Sinopec) com um dos portfólios de menor intensidade carbônica da indústria.

Em 2026, entram no radar frentes adicionais como o pré-tratamento e co-processamento de matérias-primas biogênicas, fundamentais para ampliar a produção de combustíveis de baixo carbono de maior valor agregado; a expansão das rotas de biocombustíveis; e um programa integrado voltado ao desbloqueio de reservas, desenvolvido em colaboração com parceiros de consórcio.

A infraestrutura do Id.Lab no Brasil cobre uma área de 5 mil m², distribuída entre laboratórios especializados, áreas de microscopia eletrônica de alta resolução, impressoras 3D para prototipagem, reatores catalíticos para captura e uso de CO₂ e hidrogênio, espectrômetros de massa e plantas-piloto completas de hidrotratamento e Craqueamento Catalítico Fluido (FCC). Além da complexidade tecnológica, a escala dos projetos faz com que o impacto econômico de qualquer inovação tecnológica seja material e significativo, proporcionando fortes incentivos para investimento em pesquisa e desenvolvimento.

Colaboração com a UFRJ

A parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, construída ao longo de mais de uma década, já entregou resultados expressivos. No upstream, foram desenvolvidas ferramentas de inspeção e integridade aplicadas a ativos do pré-sal e soluções como o RovScan, criado por uma spin-off da universidade e hoje em fase avançada de industrialização.

No refino, o projeto de combustíveis sintéticos produziu as primeiras gotas do produto em 2024, validando caminhos tecnológicos para decisões futuras da companhia. Outro destaque é o Projeto Fênix, que utiliza oxigênio proveniente da eletrólise para otimizar a combustão em unidades FCC e reduzir emissões. A Galp prevê implementá-lo após a entrada em operação de seu eletrolisador de 100 MW, em Sines, em 2026.

O professor João Monnerat, responsável científico pelo Id.Lab, destaca a maturidade dessa colaboração. “Aqui desenvolvemos tecnologias que impulsionam diretamente os negócios atuais, do upstream ao refino, e abrimos caminhos para novos vetores energéticos, como hidrogênio verde e combustíveis sustentáveis de aviação. O laboratório nos permite ir da bancada ao piloto, sempre com foco em eficiência e redução de emissões”, afirma.

Para Marco Ferraz, Head of Upstream and Industrial Innovation Center da Galp e responsável pelo Id.Lab, o novo polo brasileiro eleva o patamar da companhia. “O desenvolvimento tecnológico feito no Brasil é estratégico não só para o país, mas para toda a indústria energética. O Id.Lab nasce para acelerar essa entrega. Estamos focados em soluções que têm aplicação direta nos ativos onde a Galp atua, do desbloqueio de reservas à redução de custos e emissões. Muitos ativos considerados inviáveis tornam-se viáveis quando existe tecnologia validada e escalável. O laboratório brasileiro reforça exatamente essa capacidade. E, com Sines, criamos um fluxo de transferência tecnológica que permite que essas soluções sejam aplicadas e até licenciadas para outras empresas. É uma plataforma que amplia valor para a Galp, para os consórcios e para o setor como um todo.”

A diretora de inovação da Galp, Ana Casaca, reforça o papel da inovação na mudança da indústria. “A força do Id.Lab está na capacidade de transformar pesquisa em soluções aplicáveis, rápido o suficiente para acompanhar a velocidade com que o setor de energia está mudando. Ao aproximar a Galp da UFRJ e das equipas de Sines, criamos um ecossistema onde conhecimento acadêmico, exigência industrial e visão de futuro se encontram. Esse laboratório amplia nossa capacidade de testar rotas de baixo carbono, formar talentos e desenvolver tecnologias que vão sustentar a competitividade da empresa na próxima década.”

A nova estrutura da empresa consolida um modelo de innovation hub em colaboração estreita com parceiros acadêmicos e industriais. As metas para os próximos anos do LIPcat| Id.Lab incluem mais de 20 publicações científicas por ano, cinco novas patentes anuais, projetos de descarbonização alinhados aos objetivos globais da Galp e ampliação das rotas tecnológicas para combustíveis sustentáveis. No médio prazo, o laboratório se tornará plataforma de transferência de tecnologia, com potencial de licenciamento para outras empresas do setor.

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