Da Redação, de Brasília (com apoio da Abegás) —
A Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) está lançando um estudo inédito, realizado em parceria com a consultoria Quantum e a Commit, que mostra como o setor de distribuição de gás canalizado no Brasil está passando por uma transformação estrutural sem precedentes – a rede de distribuição cresceu de aproximadamente 4 mil km, em 1999, para mais de 45 mil km, em 2024, uma expansão superior a 1000%. Esse crescimento, aponta o estudo, vem sendo impulsionado pelos investimentos das concessionárias distribuidoras de gás canalizado, que se posicionam como os principais articuladores da massificação energética nacional.
“Este estudo complementa e traz números que comprovam o impacto positivo do setor de distribuição de gás canalizado. O White Paper mostra como os investimentos em distribuição de gás natural trazem uma série de benefícios, incluindo a redução tarifária para clientes. Por exemplo, a indústria no estado de São Paulo, com a Comgás, teve uma redução na margem de distribuição entre 38% e 44% em 15 anos, e usuários residenciais tiveram uma queda entre 16% e 18% na margem de distribuição. Essa redução é resultado da diversificação de mercado, com entrada de novos usuários, diluição de custos e aumento da produtividade”, afirma o presidente executivo da Abegás, Marcelo Mendonça.
De acordo com o estudo, o setor de distribuição de gás natural entrega produtividade anual muito acima da economia brasileira, com taxas entre 3,6% e 4,7% ao ano, graças aos esforços para promover o crescimento do mercado. “As empresas de distribuição são responsáveis pelo crescimento das redes e pelo aumento de novos usuários, demonstrando seu papel no desenvolvimento do setor de gás natural no Brasil”, acrescenta Mendonça.
Um dos pontos-chave do estudo é demonstrar a importância dos investimentos na expansão do segmento residencial – o Brasil tem uma penetração residencial de gás natural de apenas 5% em média, muito abaixo de países vizinhos como Colômbia (65%) e Argentina (59%).
“Mesmo concessões mais maduras, como a Comgás, atingem cerca de 14% de atendimento residencial, indicando um grande potencial de crescimento que exige novos investimentos”, diz o presidente executivo da Abegás.
Segundo ele, apesar dos esforços das distribuidoras, o crescimento do mercado de gás natural não tem sido acompanhado pelos outros elos da cadeia, como produção e transporte.
“Mesmo em cenários de retração econômica, as distribuidoras demonstram crescimento produtivo na construção de redes, contribuindo para o desenvolvimento da economia local e a geração de empregos.
Mas ainda há gargalos na oferta e na infraestrutura de transporte, o que impede um maior aproveitamento do gás e a recuperação da demanda reprimida na indústria”, alerta Mendonça.
Diversificação de mercado: chave para a modicidade tarifária
O estudo mostra como a diversificação de mercado, que inclui o atendimento a segmentos como residencial, comercial e transporte pesado, é crucial para a modicidade tarifária e para reduzir a exposição a variações econômicas de um único segmento.
“Estados com maior diversificação, como Rio de Janeiro e São Paulo, sofrem menos impacto da variação de outros segmentos, como o industrial. A diversificação permite a economia de escopo e a diluição de custos”, explica o diretor econômico-regulatório da Abegás, Marcos Lopomo.
“Os investimentos das distribuidoras geram benefícios para todos os segmentos, muitas vezes por economia de escopo. A diversificação da demanda é a grande força do setor de distribuição, pois reduz riscos e permite o desenvolvimento de novos mercados, como o de veículos pesados e a interiorização do gás. Isso traz benefícios para todos os segmentos, incluindo aqueles que já utilizam o gás, como a indústria”, comenta Lopomo.
Segundo ele, o Brasil tem muito a explorar e crescer, com a possibilidade de expansão através de coordenação público-privada, garantindo tarifas justas que viabilizem a continuidade do investimento e atendam novos usuários.
“É fundamental uma visão da função pública do serviço de gás canalizado, reconhecendo a necessidade de investimentos iniciais e os benefícios de longo prazo, que resultam em estabilidade tarifária e diversificação de mercado”, destaca o diretor da Abegás.
“A expansão da rede é fundamental para massificar os serviços. E o crescimento da interiorização dos serviços de gás canalizado é uma medida de inclusão social, reduzindo desigualdades regionais e atraindo indústrias e serviços”, conclui Lopomo.