Mercado livre alcança 36,56% do consumo
Da Redação, de Brasília (com apoio da CCEE) —
Na antevéspera das alterações legais que permitirão a expansão do mercado, a faixa de energia livre alcançou uma participação de 36,56% no consumo total de energia elétrica no Brasil, no primeiros 15 dias de agosto, segundo os dados divulgados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Segundo a CCEE, foram consumidos 63.519 megawatts médios, registrando-se um aumento de 3,3% em relação ao mesmo período de 2021.
Essas são informações preliminares do Boletim InfoMercado da CCEE, a qual avalia que o resultado reflete principalmente a retomada de alguns ramos de atividade econômica importantes para o país, como serviços e madeira, papel e celulose, além de temperaturas máximas mais elevadas em grande parte do território nacional.
O mercado livre, que abastece a indústria e grandes empresas, como shoppings e redes de varejo, consumiu 23.219 MW médios, montante 5,7% maior na comparação com o ano anterior. Os outros 40.300 MW médios, foram destinados ao mercado regulado, no qual estão os consumidores residenciais e as pequenas empresas. O ambiente teve alta de quase 2% no comparativo anual
Como há constante migração de consumidores entre esses dois mercados, a CCEE faz uma leitura dos dados expurgando este efeito. Se desconsiderássemos as movimentações nos últimos 12 meses, o volume de energia consumida no mercado livre teria crescido cerca de 3,3%, enquanto o regulado registraria uma ampliação de 3,2%.
Os painéis solares fotovoltaicos instalados em residências e empresas, no que se chama de micro e minigeração distribuída, também reduzem a demanda da rede. A CCEE destaca que, se não houvesse esse tipo de sistema, haveria uma alta de 3,9% no volume demandado pelo segmento regulado.
A Câmara de Comercialização monitora o consumo de energia elétrica em 15 ramos de atividade econômica e quase todos eles tiveram demanda maior no início de agosto em relação a 2021. Desconsiderando a migração de cargas, o setor de madeira, papel e celulose liderou o ranking, com avanço de 15,1%, seguido por serviços (10,6%) e bebidas (9,8%). As únicas quedas foram registradas nos segmentos de telecomunicações (-0,3%), têxteis (-2,2%) e minerais não-metálicos (-5,3%).
Consumo regional
O Maranhão liderou a lista dos estados com a maior alta, de 16%, seguido por Rondônia (14%) e Acre (12%). Entre os recuos, temperaturas mais amenas do que as registradas na primeira quinzena de agosto do ano passado reduziram a demanda do Rio Grande do Norte (9%) e do Ceará (2%). Já São Paulo, Espírito Santo e Piauí tiveram um pequeno declínio, de 1% cada um.
As chuvas acima da média histórica registradas na região Sul e em parte do Sudeste durante os primeiros quinze dias deste mês contribuíram para o aumento de quase 40% na participação das usinas hidrelétricas na matriz de geração brasileira. Como consequência, a produção pelas termelétricas recuou 55% no comparativo anual.
Bom momento também para a geração eólica, considerada a terceira principal fonte de energia do país e que entregou 11.408 MW médios para a rede, volume 9,5% maior em relação ao mesmo período do ano passado. Já as fazendas solares produziram 1.459 MW médios, um crescimento de quase 70%.