ONS estima boa condição para reservatórios
Da Redação, de Brasília (com apoio do ONS) —
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou na quarta-feira, dia 09 de março, na reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), os cenários para os reservatórios das usinas hidrelétricas do Sistema Interligado Nacional (SIN) para os próximos seis meses. O período analisado compreendeu este mês de março e se estendeu até agosto de 2022, utilizando cenários de vazão construídos com base nas chuvas verificadas nos anos de 2009 e 2018.
A avaliação das condições de atendimento indicou que, mesmo para o pior cenário de precipitação, o armazenamento do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, em 31 de agosto de 2022, estará em 53,0%, ou seja, 32,3 pontos percentuais (p.p.) acima do nível verificado nessa mesma data em 2021, o que traz maior conforto e redução no custo de operação. Este nível para um mês de agosto não é alcançado desde 2013, quando o volume verificado era de 55,15%.
A gestão realizada para a recuperação gradativa dos reservatórios do SIN possibilitará também a antecipação, em cerca de um mês da operação, ainda que restrita a embarcações de menor calado, na hidrovia Tietê-Paraná, prevista para ocorrer a partir de meados deste mês ainda com algumas limitações. A expectativa é de que o retorno da hidrovia esteja concluído antecipadamente em relação à data originalmente estabelecida, final do mês de maio, caso se confirmem determinadas condições de afluência e carga.
O despacho térmico atualmente está em cerca de 8 mil MW médios, ou seja, o equivalente a 40% do que estava sendo usado da fonte em setembro de 2021, quando alcançou a marca de cerca de 20 mil MW médios. O acionamento das térmicas é necessário em parte para atender ao atual cenário de escassez verificado no Sul.
O ONS foi autorizado a manter o despacho térmico fora da ordem de mérito nos subsistemas Sul e Sudeste/Centro-Oeste, caso necessário, e a importar energia da Argentina ou do Uruguai, até o Custo Variável Unitário (CVU) máximo de R$ 375,66/MWh, sempre com o objetivo de preservar os reservatórios da Região Sul e maximizar o intercâmbio de energia elétrica para esse subsistema, minimizando o custo operacional total do sistema elétrico e considerando as restrições operativas. Foi ainda autorizado a despachar recursos de CVU mais elevados para compensar alguma indisponibilidade de geração no subsistema Sul ou de térmicas do Sudeste cuja energia seja passível de escoamento para o Sul.
Durante a reunião, o ONS também explicou a predominância de condições favoráveis de atendimento eletroenergético devido à incidência de chuvas desde o início do ano e às ações tomadas para a recuperação dos reservatórios nos subsistemas. Observou, ainda, que o armazenamento do SIN já atingiu montante superior às projeções realizadas anteriormente ao CMSE, com valor de 63,6% EARmax em 08 de março.
Carga aumenta em março
O boletim do Programa de Mensal de Operação (PMO) do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), da semana operativa de 12 a 18 de março, aponta que a carga de energia do subsistema Sudeste/Centro-Oeste terá expansão de 1,6% e 43.178 MW médios em março, na comparação com o mesmo período do ano passado. Entre as regiões, o Sul apresentará a maior alta, com 3,5% e 13.476 MW médios, seguido do Nordeste, com 3,4% e 11.792 MW médios. O Norte será o único subsistema em retração, de 1,4%, ao registrar 5.759 MW médios.
Pelas previsões, o desempenho do Sistema Interligado Nacional (SIN) será positivo em 2% em março, com volume de 74.205 MW médios. Apesar da indústria enfrentar uma desaceleração, uma elevação significativa da carga foi observada nas últimas semanas de fevereiro e primeiras de março por conta de elevadas temperaturas em todos país. Com destaque para as regiões Sudeste/Centro-Oeste e Sul, que tiveram intensificados o uso de aparelhos de refrigeração pelas classes de consumo comercial e residencial.
No histórico de armazenamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas do SIN, desde 2012 não eram registrados, para o mês de março, os volumes atingidos no Sudeste/Centro-Oeste, que tem projeção de 62,7% para o dia 31/03. Também o subsistema Norte, desde 2012, não indicava uma marca tão alta, de 98,8% em março. No Nordeste, a última vez que superou 92,6% de reserva foi em março de 2007, quando registrou 94,8%. Já a expectativa de armazenamento para o Sul é de 35,7%. Os bons resultados de recomposição dos reservatórios se devem às chuvas e às estratégias de operação que vem sendo adotadas há mais de um ano, além da sinergia de trabalho com os demais agentes do setor elétrico.
O documento traz, ainda, as afluências, ou seja, a água de chuva que está acumulada nos reservatórios, que devem alcançar, no último dia do mês, 124% da Média de Longo Termo (MLT), no Nordeste; 114% da MLT, no Norte; e 74% da MLT, no Sudeste/Centro-Oeste. Destaca-se que as afluências do Sul terão movimento ascendente com previsão de atingir 70% da MLT.
O Custo Marginal de Operação (CMO) voltou a ficar equiparado nas regiões dos subsistemas Sul e Sudeste/Centro-Oeste para a próxima semana operativa. As variações observadas foram de decréscimo de 5,04 %, saindo de R$13,90/MWh para R$13,20/MWh no Sul. E aumento de 9,27%, variando de R$12,08 MWh para R$13,20/MWh no Sudeste/Centro-Oeste. Já as regiões Norte e Nordeste ainda estão com valores em zero pela oitava semana consecutiva.