Carraro fecha a WGC em 2018 e muda a rotina
Depois de quase 50 anos de trabalho, o engenheiro eletricista Benedito Carraro decidiu pendurar as chuteiras. Dono de uma carreira de sucesso, que o levou a se tornar um dos principais especialistas brasileiros no setor elétrico, com ênfase nas áreas de comercialização, distribuição e geração de energia, Carraro começou a passar o bastão para as novas gerações. Está se preparando para encerrar as atividades da empresa de consultoria WGC, da qual é sócio junto com o engenheiro Amilcar Gazaniga, desde 2001, em Florianópolis, e, em 2018, quando completará 72 anos de idade, pretende dedicar-se mais à família e ao lazer.
“Cinquenta anos de trabalho está de bom tamanho. É praticamente uma vida inteira. O curioso é que tudo passa muito rapidamente e você nem percebe direito. De repente, você tem 50 anos de trabalho. Está na hora de conviver um pouco mais com a família, encerrando o ciclo de tantas reuniões, viagens a trabalho, encontros técnicos, etc“, afirmou Carraro em entrevista exclusiva ao site “Paranoá Energia“.
Ele não se arrepende de ter passado a vida dentro do setor elétrico e considera-se satisfeito pelo fato de “ter contribuído pelo menos um pouco“ para edificar aquele que é reconhecido como um dos grandes sistemas elétricos de todo o mundo, com padrões de organização e eficiência que deixaram entusiasmados até especialistas de países mais desenvolvidos do que o Brasil.
Benedito Carraro nasceu em 1946 , em Cambé, no Paraná, município localizado nas proximidades de Londrina. Foi o terceiro de seis filhos dos quais cinco eram homens. Seus quatro avós eram italianos, da região do Veneto, e vieram para o Brasil nos anos 30. Por parte do pai, José Carraro, a família tinha origem na área de Padova, enquanto a família da mãe, Teresa Pinelli Carraro, era da vizinha Veneza.
Os antepassados de Carraro trabalhavam no campo na Itália, e chegando ao Brasil, em 1928, foram para a pequena cidade de Cambé, depois para Mandaguaçu ( que significa “abelha grande“) , na região metropolitana de Maringá, onde vastas terras férteis estavam sendo colonizadas, através da Cia. Melhoramentos Norte do Paraná, e muitas regiões de florestas nativas davam origem à plantação de café, com grande apoio dos governos.
O pai de Carraro arrendava a terra para plantar café. O futuro executivo do SEB viveu em Mandaguaçu até os 14 anos de idade. O pai – que apesar de não saber ler nem escrever possuía um grande tino comercial – já negociava café em pequenas quantidades e havia se estabelecido como comerciante desse tipo de produto, dando origem à formação de um patrimônio que, ao longo do tempo, o levou a ter algumas fazendas no norte do Paraná.
Por volta de 1960, a família possuía também uma máquina para beneficiar café, e aos poucos, os pais e filhos mais velhos estavam envolvidos em uma dobradinha entre a produção de café e a criação de gado, que depois, com a diminuição do plantio de café no Paraná, acabou pendendo para o lado da engorda e venda de gado.
Aos 15 anos, Carraro foi para Londrina, estudar no Colégio Marista. No ano seguinte (1962), voltou para Maringá, onde foi aluno do Colégio Estadual. Nos anos de 1963 e 1964, transferiu-se para Curitiba, onde estudou no Colégio Estadual do Paraná e fez o Curso Dom Bosco para Engenharia.
Por que Engenharia? Na sua avaliação, foi muito influência do que acontecia na época no país. Depois que os militares assumiram o poder em abril de 1964, foi dada muita ênfase às carreiras da Engenharia, até porque a economia brasileira estava se reorganizando e começava-se a falar em grandes projetos de infra-estrutura. Em conseqüência, havia necessidade de engenheiros para construir rodovias, hidrelétricas, etc, considerando a visão de longo prazo que fazia parte das preocupações de planejamento dos militares.
Ele passou no vestibular para Engenharia na Universidade Federal de Santa Catarina, em janeiro de 1965. Foi comemorar com a família em casa , no Paraná , mas aquilo que para ele era só alegria, para o pai era um drama pois ele não queria que o filho voltasse para Florianópolis, e, sim, que se integrasse aos negócios rurais da família Carraro.
O jovem Carraro bateu pé e resolveu enfrentar a resistência do pai, optando pelo curso de Engenharia em Florianópolis. Apoiado pelo irmão mais velho, passou a morar em uma república, onde viviam nove estudantes, e fazia refeições no restaurante universitário.
Bom jogador de futebol, se fazia notar como zagueiro central ou atuando no meio de campo. Carraro também se interessou pelo futebol de salão e passou a integrar a equipe do Clube 12 de Agosto, que foi tricampeã catarinense. Em 1967, ele entrou na Celesc, como estagiário.
A empresa estava interessada nele não apenas pelos conhecimentos de Engenharia, que ainda eram limitados , mas, também, porque ele integraria o time de futebol de salão da Celesc – setor Florianópolis. Ganhava dois cruzeiros por hora de trabalho, mais um lanche diário. “O mais importante de tudo é que eu já possuía carteira profissional assinada e era independente, conseguindo viver, mesmo que modestamente, com meus rendimentos”.
Ele fez parte da segunda turma que se formou em Engenharia Elétrica na UFSC – curso patrocinado pela Celesc. Ao final do 4º ano restavam apenas nove alunos. Uma pergunta envolveu os formandos: o que fazer para marcar a formatura ao final de 1969? Aí, aconteceu algo que o marcou para a vida inteira, pois foi uma iniciativa coletiva na qual ele se envolveu bastante e aprendeu como organizar e como desenvolver projetos. Valeu também, portanto, para as próprias atividades do futuro engenheiro.
Naquela época, havia na cidade catarinense de Blumenau uma feira comercial e industrial muito conhecida , chamada Famosc. Entretanto, em Florianópolis , que era capital política e lugar de veraneio, sem expressão industrial ou comercial, não havia esse tipo de tradição, até porque a economia local possuía outras características.
Em um lance de extrema ousadia, o grupo de formandos decidiu replicar uma espécie de Famosc na capital do Estado e criou a Fainco – Feira de Amostras da Indústria e Comércio de Santa Catarina, com o objetivo de arrecadar fundos que permitissem bancar uma viagem dos estudantes para outros países.
“Foi um espetáculo, uma mobilização incrível. Todos nós nos dedicamos e recebemos apoio do Governo do Estado, Prefeitura Municipal, Governo Federal, embaixadas e empresas. Embora no início houvesse alguma descrença , o fato é que conseguiu-se superar o desafio e realizar uma feira espetacular ao final de 1968, com mais de 300 expositores e mais de 100 mil visitantes. Foi um acontecimento fantástico para Florianópolis naquele momento“ , explicou.
A feira cobrava ingressos dos visitantes e também pela ocupação do espaço de cada expositor. No final, os formandos tinham arrecadado o equivalente a 100 mil dólares, o que dava uma bolada de mais de 10 mil dólares para cada um. Convidaram um professor para coordenar o grupo e fizeram uma viagem técnica de três meses (de dezembro de 1968 ao final de fevereiro de 1969), apoiados fortemente pelas embaixadas dos países visitados.
O grupo começou pelos Estados Unidos e depois viajou para Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Suíça, Holanda, Alemanha e Itália. Não foi somente um período de diversão como para qualquer grupo de rapazes de 20 e poucos anos, mas, também, um período de muito conhecimento técnico, visitando indústrias e aprendendo com países mais desenvolvidos.
Quando o curso na UFSC estava terminando, ele já havia aprendido uma “brincadeira” com um professor, que tem servido como lição para vida inteira, que é a aplicação do IVP – o Índice de Viração Própria. “Todos nós precisamos ser criativos e temos que aprender a buscar opções para melhor produtividade“. O grupo dos nove viajantes se formou em dezembro de 1969 e, em janeiro de 1970, todos já estavam contratados e trabalhando como engenheiros eletricistas. O caminho profissional estava aberto.
Carraro, que já fazia parte da Celesc, virou chefe da Divisão de Projetos de Distribuição de Energia. Depois de um ano trabalhando como engenheiro recém-formado, casou-se em 1971, com dona Sonia, natural de Florianópolis , com quem vive há 46 anos e constituiu uma família, com os filhos Alessandro, Gabriela e Larissa e cinco netos.
Ficou na função até 1975, quando assumiu o Departamento de Distribuição e Vendas da Celesc, no qual teve a oportunidade de trabalhar ao lado de Vilson Kleinubing, que mais tarde se destacaria na política nacional e se tornaria governador de Santa Catarina, depois senador e sempre um grande amigo.
Nessa atividade como jovem gerente da Celesc, ele percebeu que o país estava se modernizando, mas que as relações com os consumidores, em um sistema praticamente 100% estatizado, ainda eram muito desatualizadas. Foi determinado pela diretoria da empresa que reformulasse os procedimentos comerciais. Sem dominar muito o tema de comercialização, realizou reuniões informais com os chefe de departamentos comerciais da Cesp, CPFL, Cemig e Copel, para trocar idéias a respeito do relacionamento com os clientes.
Essas reuniões duravam dois dias e a primeira se realizou em Florianópolis. Mais tarde, com os bons resultados alcançados, houve a formalização dos encontros, e as reuniões passaram a se denominar Encontros de Procedimentos Comerciais (Epco´s), expandindo para outros estados e o Distrito Federal.
“Começamos a debater em conjunto questões que eram semelhantes para todas as distribuidoras, como tarifa, direitos e responsabilidades dos consumidores, penalidades, eficiência energética, etc”, assinalou.
Em 1976, o então ministro de Minas e Energia, Shigeaki Ueki, criou um grupo de trabalho para reformular e modernizar o Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE, cujo diretor geral foi Luiz Carlos Menezes, originário da CPFL. Este convidou alguns técnicos das empresas originarias dos Epco´s, em especial o engenheiro Cesar Roland Miranda Franco, que por sua vez chamou Carraro para compor o grupo.
“Uma transferência para Brasília, naquele momento, era uma grande oportunidade profissional, até porque o setor elétrico brasileiro passava por profundas alterações“, disse. Ele se licenciou da Celesc e, em janeiro de 1977 , começou no DNAEE, sob o guarda–chuva de um contrato com a CAEEB (Companhia Auxiliar de Empresas Elétricas Brasileiras), uma estatal que fornecia mão-de-obra qualificada para o setor elétrico estatal.
Como o mundo gira, em 1978 Roland foi promovido a diretor-geral substituto do DNAEE e Carraro foi convidado a assumir a diretoria de Controle de Serviços de Eletricidade – DCSE. Na sua avaliação, foi uma época em que se produziram muitos trabalhos de qualidade dentro do departamento, pois as regras eram antigas, e foi possível ao diretor, com uma equipe cedida por outros concessionários, contribuir para a formatação de novas normas.
Por exemplo: foram criadas novas regras para as condições gerais de fornecimento de energia elétrica, definindo os direitos e obrigações dos consumidores. Também foi feita a revisão geral da classificação de consumidores. Na época, foram criados dois dos principais índices que medem, ainda hoje, o atendimento por parte das concessionárias de distribuição , os chamados DEC’s e FEC’s , permitindo registrar a duração e freqüência com que os consumidores deixam de receber energia elétrica das distribuidoras, com regras válidas também para a transmissão de energia.
“Sem dúvida, foi um período muito produtivo“ , argumentou Carraro, que, em seu dia a dia como diretor do DNAEE, passou a freqüentar colegiados extremamente importantes do SEB, como o Comitê de Distribuição – Codi ( que foi o embrião da atual Abradee); o Grupo Coordenador da Operação Interligada – GCOI (que deu origem ao atual ONS) e o Grupo Coordenador de Planejamento dos Sistemas Elétricos – GCPS ( onde se encontram as raízes da atual EPE ).
Nesse contexto de mudanças, o Brasil foi severamente afetado por questões hídricas e sofreu um forte racionamento em 1987 e 1988, no Nordeste e no Sul. Foi uma situação difícil de ser enfrentada, com uma diferença grande em relação aos dias de hoje, pois era uma época em que não havia parque térmico e tampouco interligação entre as regiões.
Carraro foi indicado por Getúlio Lamartine para coordenar o grupo que monitorou o racionamento, que durou um ano. “Foi um momento de crise, mas igualmente um aprendizado para todos nós que vivemos aquele período, quando foi necessário tomar várias decisões que não eram boas para os consumidores, mas que se precisava adotar, como por exemplo: cobrar tarifas mais elevadas para desestimular o gasto de energia; diminuir a quantidade de consumo nas indústrias, comércio e residências; buscar exaustivamente apoio junto à classe política dos estados onde alguns resistiam às decisões“.
Ele se lembra de várias reuniões tensas. Em Belém, em especial, onde havia cartazes escritos “fora Carraro“ e centenas de participantes a princípio muito insatisfeitos, mas que, após 9 horas discutindo na Assembléia Legislativa do Estado, mudaram de opinião, pois se conseguiu encontrar uma solução para as dificuldades locais.
O racionamento de 87/88 acabou gerando uma preciosidade histórica na forma de cinco livros, resumindo todo o trabalho feito. Esse relatório final se transformou no ponto de partida para construir as regras que serviram de base para se aplicar no racionamento em 2001/2002. Ele se orgulha de ter recebido, em 1988, o primeiro Prêmio Abrace como profissional do ano do SEB e a Medalha Bernardo Mascarenhas, da ABCE, pela contribuição na gestão do racionamento de 87/88. Em 1989, assumiu a função de diretor geral substituto do DNAEE.
Com o presidente Fernando Collor, o setor elétrico foi bastante impactado e o MME deixou de existir formalmente, transformando–se em uma Secretaria Nacional de Energia, que por sua vez integrava o então Ministério de Infra-Estrutura (fusão de três pastas : Minas e Energia, Transporte e Comunicações). O secretário Rubens Vaz da Costa, economista, passou por vários cargos relevantes na tecnocracia, nenhum deles relacionado diretamente com o setor elétrico.
“No início de 1990 , ele determinou a troca quase que geral na Diretoria do DNAEE e também fui substituído . São circunstâncias da vida política, que compreendo, só que eu já estava há 14 anos em Brasília, havia praticamente perdido as raízes com Santa Catarina e tinha meus compromissos familiares. Era uma situação que me preocupava, até porque ocupávamos um apartamento funcional. Resolvi enfrentar a situação de frente. Fui para o mercado contando com minha experiência e uma pasta e resolvi abrir uma empresa de consultoria técnica em Brasília. E assim, em 1990, criei a Energética Consultoria de Energia Elétrica. No início foi muito difícil, era eu e uma mesa. Aos poucos os clientes foram chegando , felizmente novamente contando com o apoio de Luiz Carlos Menezes”.
Como consultor, continuou a manter um grande círculo de amizades, inclusive com o amigo Vilson Kleinubing, de Santa Catarina, que apoiou a sua ida para a Eletrobras, onde ocupou a Diretoria de Engenharia e Planejamento, em 1995. “Tive a grande honra de chefiar, na época, uma excelente equipe de engenheiros, com mais de 100 profissionais da melhor qualidade“, salientou.
Como diretor da Eletrobras, Carraro conta que assumiu a responsabilidade pelo GCPS, com o qual se relacionava desde a época em que atuava como diretor de DNAEE. “O Brasil tinha na época, com o GCPS, um dos mais reconhecidos modelos de planejamento do setor elétrico de todo o mundo“, frisou.
Só que a situação do Estado havia mudado bastante e o GCPS de meados dos anos 90 não era o mesmo GCPS dos períodos anteriores, quando havia recursos para investimentos. Era difícil planejar a expansão de um sistema predominantemente estatal com pouco dinheiro em caixa.
“A situação do Brasil era de muitas obras paradas por falta de recursos, o que logicamente comprometia a qualidade do setor elétrico e a expansão do sistema“. Lembra que houve grande mudança, em 1998, quando coordenou o projeto de construção da interligação sudeste/nordeste. Ficou na Eletrobras até 1999, quando assumiu como secretário de Energia do então ministro de Minas e Energia, Rodolfo Tourinho.
Então, o MME era um ministério técnico onde o titular e o secretário executivo não tinham muita intimidade com os assuntos de energia. Assim, o secretário de Energia acabou se transformando numa figura relevante para a coordenação do setor. Como havia uma grave crise hídrica nos reservatórios, criou-se emergencialmente o Programa Prioritário de Termeletricidade (PPT), que pretendia eliminar a ociosidade do gás importado da Bolívia, e ao mesmo tempo, tentava preservar os reservatórios das hidrelétricas.
O PPT foi lançado em fevereiro de 2000, através do Decreto Nº 3371 e da Portaria Nº 43 do MME. Basicamente, com o PPT pretendia-se expandir a capacidade de geração de energia do país, por meio da construção de várias usinas térmicas, que pudessem atingir no mínimo 11 mil MW.
Na sua concepção, o programa oferecia um preço especial do gás natural para as térmicas do programa, reajustando anualmente, garantia de compra da eletricidade pela distribuidoras e linha especial de crédito pelo BNDES. A Petrobras aceitou participar do projeto. O PPT não chegou a ser um sucesso. Algumas térmicas entraram no sistema , mas a burocracia travou o programa.
Na visão de Carraro, havia uma lógica para se optar pela termeletricidade, considerando aquele momento difícil das hidrelétricas. A Petrobras pagava pela capacidade total de transporte do gasoduto Bolívia – Brasil , da ordem de 32 milhões de metros cúbicos por dia. Entretanto, usava menos da metade e o restante era vendido ao Brasil na modalidade denominada “take or pay”, com grandes prejuízos ao sistema. Para Carraro, seria oportuno para o país tirar o gasoduto da ociosidade, ao mesmo tempo em que se aumentava a segurança do sistema elétrico. No final , se utilizaria um gás natural que estava sendo pago e não consumido, por um determinado tempo.
“O programa avançou muito lentamente, até porque havia resistência interna na Petrobras em vender um gás ao preço de custo”, esclareceu. Após alguns desentendimentos e dificuldades em desenvolver o programa, Carraro desligou-se do MME em junho de 2000.
Novamente, surgiu a questão sobre o que fazer e como continuar atuando no setor. Assim Carraro decidiu voltar para o Sul e junto com dois amigos abriu a WGC Consultoria, com sede em Florianópolis. A WGC também começou pequena e aos poucos foi ganhando musculatura, com clientes nas áreas de portos, gás natural, eficiência energética e PCH’s.
Dezessete anos depois, a WGC continua viva. Agora Carraro se prepara para, junto com Gazaniga, (que é um dos estudantes que se formaram com ele em Engenharia Elétrica na UFSC) , encerrar as atividades da empresa, a qual teve mais de 100 clientes, todos da iniciativa privada.
Em 2009, fez uma pausa na carreira de consultor e aceitou convite do então governador de Brasília, José Roberto Arruda, para assumir a presidência da CEB, visando melhorar seu desempenho. Criou o CEB-10 com 10 projetos prioritários, objetivando melhorar a qualidade do fornecimento de energia em Brasília. Sem respaldo político, com a saída do governador que o convidou, Carraro voltou novamente para o Sul, desapontado com o curto período na CEB, quando não pode realizar tudo o que havia se comprometido com a empresa.
Hoje, aposentado pela Celesc, realizado profissionalmente, Carraro se prepara para começar a diminuir suas atividades profissionais. Como os filhos já estão encaminhados nas respectivas carreiras, entende que está na hora de tirar as chuteiras.
Palmeirense roxo, acompanha com atenção o final do Campeonato Brasileiro de 2017 e acredita que o seu time tem ainda forte chance para se tornar bicampeão brasileiro. Já não joga futebol. Também não pratica mais o tênis , ao qual se dedicou durante 30 anos. O joelho não ajuda. Entretanto com o tempo se transformou em um jogador de golfe sênior.
Mesmo pensando na retirada da atividade profissional, não significa que Carraro não esteja atento ao que envolva o SEB. Procura se informar sobre os vários projetos em desenvolvimento, em especial sobre a privatização da Eletrobras, a respeito do qual é totalmente favorável. “A gestão pública, nos últimos anos, modificou muito a atuação e o valor da Eletrobras. A empresa ficou sem condições para competir e não vejo problema na sua privatização. Será uma solução adequada para as empresas coligadas. Inclusive, em 2010/2011, a WGC desenvolveu vários estudos sobre a privatização das distribuidoras da Eletrobras”, disse.
Carraro, contudo, não está pessimista pelo fato de estar se preparando para aposentar em 2018. Ao contrário , embora já esteja reduzindo a marcha, reconhece que está na hora de descansar, embora ainda não recuse novos desafios.
Depois de muitos anos militando no SEB, ele tem a convicção que “o nosso setor elétrico não é perfeito, logicamente, mas é considerado de excelente qualidade. Existem muitas mudanças em gestação e o setor elétrico com um todo está sendo impactado pelas alterações. Tem muita gente nova, competente e extremamente bem preparada, que está em condições de tocar o nosso sistema elétrico e dar continuidade ao trabalho que é necessário realizar. Temos muita confiança na competência dos novos gestores do setor elétrico brasileiro, o que nos permite acreditar que estaremos vivendo nos próximos anos uma época de grandes realizações e de mudanças no perfil eletroenergético do País”.