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ONS desmente e humilha Silveira. Sim, houve apagão em 14.10

Depois do apagão ocorrido no dia 14 de outubro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que não entende muita coisa de energia elétrica, mas é um marketeiro bastante esforçado, correu para a mídia para dizer que não tinha havido um apagão e que aquele acontecimento não passava de uma “interrupção temporária”. Uma bobagerm, mas foi dita pelo ministro de Minas e Energia.

Coitado do ministro. Acaba de ser humilhado e desmentido pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que apenas faz um trabalho técnico responsável e não está interessado em marketing.

Pois bem, o ONS (onde aliás existem algumas pessoas do alto escalão que adoram puxar o saco de Sua Excelência) realizou nesta terça-feira, 28 de outubro, a segunda reunião visando à elaboração do Relatório de Análise de Perturbação (RAP), referente ao apagão que não houve na visão de Silveira. Mais de 260 técnicos participaram do evento, que foi online. Inclusive gente do MME e da Aneel.

Segundo informações divulgadas pelo ONS, em um comunicado, durante o encontro foram apresentadas aos agentes do setor elétrico as análises conduzidas pelo Operador, incluindo novos elementos técnicos relacionados ao evento, além de contribuições e avaliações complementares encaminhadas pelos agentes participantes. 

E o Operador não teve outra alternativa, a não ser desmentir o ministro marketeiro. “A perturbação teve início na madrugada de 14 de outubro, com um incêndio no reator de linha da LT 525 kV Bateias – Ibiúna circuito 2, na subestação de Bateias, no Paraná. Em função do incêndio houve inicialmente um curto-circuito no reator que foi extinto por atuação de sua proteção. No entanto, a falha acabou se propagando para o barramento da subestação de Bateias. Não havendo atuação do sistema de proteção no instante inicial, ocorreram desligamentos múltiplos na instalação de 525 kV. Como consequência, houve a desconexão do subsistema Sul com o restante do país”, informou o Operador.

O comunicado do ONS amassa Sua Excelência, como um tanque de guerra numa blitzkrieg: “Pelas análises, concluiu-se que a carga interrompida foi de 8.199 MW, o equivalente a 11% da demanda nacional naquele minuto (00h31min), sendo que às 1h43min, 99% da energia já havia sido recomposta em todos os quatro subsistemas. Pelos registros, nesta ocorrência, 1.371 municípios foram afetados, incluindo 19 capitais. A região mais afetada foi a Sudeste com 4.132 MW, seguida do Nordeste com 1.780 MW, o Centro-Oeste com 1.330 MW, o Norte com 673 MW e o Sul com 283 MW”.

Com o início da perturbação à 00h31, o restabelecimento das cargas foi iniciado à 00h33min. À 1h28min foi conectada a região Sul ao restante do SIN, possibilitando agilizar a conclusão da recomposição das cargas remanescentes.

“Apesar da magnitude da ocorrência”, diz o ONS, a rápida atuação do Operador em sinergia com os agentes agilizou a retomada dos equipamentos, demonstrando a importância da operação integrada.

Esse apagão deveria ser utilizado pelo ministro Alexandre Silveira como uma espécie de exemplo, para parar de falar o que não deve. Ora, ministro, então nós temos no País um apagão que derrubou 11% da carga nacional, afetando 1.371 municípios, incluindo 19 capitais estaduais, em todo o Brasil, e Sua Excelência tem a cara de pau de dizer que não houve apagão?

Este editor nem tem como classificar a atitude de Silveira,  considerado pelo presidente Lula como o melhor ministro de Minas e Energia que já houve no Brasil e que anda com o ministro a tiracolo para tudo quanto é parte do planeta. Bom, escolher um ministro é atribuição do presidente e escolher um amigo é uma responsabilidade individual. Cada um deve saber com quem está lidando.

Parabéns, ONS. É provável que tenha havido alguma pressão dentro do Operador para fazer esse comunicado. Mas, mesmo sem usar a palavra apagão, o Operador mostrou com clareza que ele aconteceu, desmentiu Sua Excelência e isso é o que importa. O compromisso da área técnica do ONS é apenas com a verdade, não com eufemismos.

Não houve apagão, ministro Silveira? Procure se informar melhor. Estamos conversados.

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