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Obesidade energética de dia, anorexia à noite

O título desta “Opinião do Editor” é de certa forma uma obra de arte em termos de síntese, mas o autor não é este idoso editor. No caso, está sendo feita uma apropriação (se bem que devidamente autorizada) de um trecho do último artigo assinado pelo professor Edvaldo Santana no jornal “O Globo”.

É um privilégio para o Brasil contar, entre tantos especialistas na área de energia que existem no País, com o olhar atento e o conhecimento técnico de Edvaldo Santana.

Professor aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina, doutor em Engenharia, ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e consultor eventual de inúmeras empresas e associações. Edvaldo é tudo isso. Ademais, ele tem o dom da palavra falada ou escrita.

Por isso, o “Paranoá Energia” resolveu homenagear o professor Edvaldo, usando como título desta Opinião a expressão criada por ele. “Obesidade energética de dia, anorexia à noite” sintetiza, de modo muito criativo e bem-humorado, a tragédia que se abate, hoje, sobre o sistema elétrico brasileiro.

Com outras palavras, isso também vem sendo dito pelo “Paranoá Energia”, que não se cansa de mencionar o caráter marketeiro de autoridades do SEB, contando com o apoio incondicional dos bajuladores de sempre, na área empresarial, que, a troco de algumas migalhas de favorecimentos, não se cansam de aplaudir uma gestão temerária, que está levando o SEB para o buraco.

Em outra edição, este editor utilizou a expressão “racionamento ao contrário”, para explicar que, em 2001 e 2002, o Brasil ficou às escuras devido à falta de energia elétrica. Desta vez, a energia elétrica está sobrando e mesmo assim o País corre o risco de um apagão. Da forma mais irresponsável possível, face ao mais incompetente planejamento setorial, o Brasil, que não é um país pobre da África, mas também não é uma Brastemp, está jogando fora, diariamente, megawatts e megawatts de energia, enquanto os consumidores pagam contas cada vez mais caras. É duro ver todo essa energia sendo desperdiçada.

As empresas já perceberam que tem muitos equívocos no sistema elétrico e subitamente começaram a cancelar vários projetos que tinham sido anunciados com grande pompa. Projetos de hidrogênio, geração eólica e usinas solares que ainda não tinham saído das gavetas, estão sendo abortados, com pesados prejuízos para as empresas. É uma espécie de marcha a ré no setor elétrico brasileiro. Todo mundo tirando o pé, tentando perder o mínimo possível.

Enquanto isso, as autoridades sorriem e mostram seus dentes bem tratados. Estão felizes. O negócio deles é tentar empurrar com a barriga o mais próximo possível de outubro de 2026, pois o objetivo de todo esse marketing é apenas um: ganhar a eleição no próximo ano.

E tome energia elétrica de graça. E tome gás liquefeito de petróleo de graça. Já tem gente que fala até em ônibus e trem urbanos e metrô de graça em escala nacional, tudo devidamente pago pelo Tesouro Nacional.

Obesidade energética de dia, anorexia à noite. Caro professor Edvaldo: isto é para poucos. Parabéns pela sensibilidade e pelo poder de síntese. O Brasil está prá lá de Bagdá, em termos de energia elétrica, mas a culpa não é sua.

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