No dia 15 de agosto de 2023, um apagão assustou o Brasil, causando a interrupção de 22.547 MW, do total de 73 mil MW que estavam sendo atendidos naquele momento. Isto significa que cerca de 31% da carga registrada no apagão foram afetados pela falta de energia elétrica. O evento foi tão forte, que praticamente provocou a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul, Sudeste/Centro-Oeste. Em termos de energia, o Brasil ficou partido em dois, de tão grave que foi a ocorrência.
Só nesta sexta-feira, 19 de setembro, mais de dois anos depois, os burocratas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) se mexeram e tomaram alguma atitude no sentido de tentar entender o processo e mostrar trabalho. Isso, meses depois que o Ministério de Minas e Energia saiu na frente e criou um grupo de trabalho para mergulhar no assunto e propor solução. O site “Paranoá Energia” chama esse grupo de trabalho de GT Chapa Branca, pois é integrado apenas por técnicos do Governo. As empresas afetadas só participam subsidiariamente do grupo, que, de concreto, até agora, também não mostrou resultado algum, apenas blá-blá-blá.
A Aneel contribuiu com o blá-blá-blá do GT Chapa Branca e distribuiu um comunicado à imprensa, nesta sexta-feira, a respeito de uma reunião que teve com o ONS e a associação dos distribuidores de energia elétrica, a Abradee. As restrições operativas impostas pelo ONS às geradoras de energia eólica e solar (que já amargam bilhões de reais que não podem faturar) deixam o setor elétrico apreensivo sobre como buscar uma solução para o problema.
Por enquanto, o que existe à disposição é apenas a nota oficial da Aneel liberada nesta sexta-feira, que é um primor de desinformação e diz que:
“Nos dias 04 de maio e 10 de agosto deste ano, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) identificou que o alto percentual de micro e minigeração distribuída (MMGD) existente no Sistema Interligado Nacional (SIN) poderia levar a uma incapacidade do controle da frequência e da tensão no sistema.
A Aneel, o ONS e a Abradee debateram os desafios para viabilizar o controle de geração distribuída, a partir da constatação da necessidade de maior controle de usinas que hoje não é realizado diretamente pelo Operador.
Foram discutidos aspectos como o estabelecimento de procedimentos operacionais e de comunicação entre ONS, distribuidoras e agentes.
De imediato, serão tratados os protocolos referentes às usinas no âmbito de distribuição que não são despachadas pelo ONS. Em seguida, serão tratados os protocolos referentes aos minigeradores remotos”.
E tome blá-blá-blá numa nota de 10 linhas. As geradoras afetadas só querem que o MME e suas áreas institucionais tomem decisões para ontem. Se esses técnicos do Governo trabalhassem na iniciativa privada, todos, sem exceção, do ministro ao estagiário do ONS, já teriam sido demitidos, devido à absoluta ineficiência.
Será que é pedir demais que os responsáveis pela área de energia elétrica do Governo Federal tomem decisões para corrigir um problema que, na visão deste site, foi causado por monumentais erros de planejamento setorial?
Ei, MME, ei Aneel, ei ONS, ei EPE. Que tal mostrar produção? Que tal viajar menos, participar de menos eventos, mergulhar na questão das restrições operativas praticadas pelo Operador e apresentar uma solução rapidamente? Tem dois anos que o SEB espera uma solução da parte de vocês. Já passou da hora, será que só vocês não percebem?