A cada dia, praticamente, o presidente Lula lança um programa social. É para quilombolas, lavadeiras de beira de rio, indígenas não sei de onde, e por aí vai. Afinal, é o Governo do Pai dos Pobres, nessa tentativa de Lula de se apropriar sem qualquer pudor de algo que faz parte da biografia do presidente Getúlio Vargas.
Como o atual presidente não tem jeito, este editor então resolveu sugerir um novo programa social, que se destinaria aos ministros de Estado e suas assessorias de Gabinete, para que pelo menos escrevam corretamente a língua portuguesa.
Um ofício encaminhado há poucos dias pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ao diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, sobre a caducidade das concessões outorgadas à Mez Energia Ltda – cinco contratos de concessão assinados em 2021 – é uma pequena obra-prima de falta de atenção ou então de ignorância da língua portuguesa, provavelmente a primeira hipótese.
No início do ofício, até que a coisa fluiu bem e a palavra “concessão” foi escrita corretamente. Mas, no segundo parágrafo, a coisa desembestou e saiu algo que cheira a palavrão: “conceção”. Tá lá para quem quiser ver. Não é invenção de editor sacana.
Como em outras partes do ofício, o MME soube superar as pegadinhas da língua portuguesa, tudo indica que teria sido um escorregão da assessoria ministerial. O mais grave, na visão deste editor, é que Sua Excelência, que provavelmente sabe escrever a palavra “concessão”, deu a entender que costuma assinar documentos, mesmo em formato eletrônico, sem prestar muita atenção naquilo que está assinando.
Assim, não dá, não é ministro? Pode não resolver as pautas mais difíceis da área de energia elétrica, como as restrições operativas do ONS, ou o novo modelo do setor elétrico, que não consegue avançar, mas pelo menos o ministro Silveira poderia colaborar e assinar documentos que não ofendem a língua portuguesa.