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A Enel SP continua enredada nos seus antigos problemas

A concessionária italiana Enel tem feito um esforço enorme para melhorar o seu desempenho na região metropolitana de São Paulo (e consequentemente a sua imagem perante os consumidores e os formadores de opinião), mas o fato é que a empresa ainda encontra dificuldades para se libertar de antigos problemas operacionais que a impactam, desde que assumiu a concessão.

Nesta quinta-feira, dia 11 de julho, às 15h35m, por exemplo, havia cerca de 60 mil moradores ou possuidores de pequenos negócios no escuro na Grande São Paulo. O apagão, naquele momento, afetava principalmente os municípios de Jandira, São Bernardo do Campo e a Capital. No total, um pouco mais de 20 mil unidades consumidoras estavam desconectadas da rede elétrica sob responsabilidade da Enel.

Para os tecnocratas da Enel, da Aneel, do MME e da Abradee (a associação das distribuidoras de energia elétrica), esse número (pouco mais de 20 mil unidades consumidoras) é estatisticamente irrelevante, considerando que na área de concessão da Grande São Paulo a Enel atende a 8,5 milhões de unidades consumidoras, ou seja, um público estimado em cerca de 25 milhões de pessoas. Nesse contexto, para os tecnocratas, 60 mil não significam nada. É assim que eles pensam. Parece brincadeira, mas é a verdade. É um critério polêmico, que despreza o ser humano e que se aplica a todas as distribuidoras.

Na visão do site, essa é uma maneira fria e cruel de olhar para o problema. Primeiro, porque existe um contrato de concessão e a Enel tem a obrigação de entregar a energia elétrica a quem está com as contas em dia. E segundo porque esse critério burocrático não enxerga as pessoas, que lutam diariamente para pagar as suas contas, inclusive as de luz. A distribuidora, a Aneel, a Abradee e o MME não olham para as pessoas e, sim, apenas para um relógio que registra o consumo de energia.

Mas, atrás das paredes onde existem esses relógios, no momento, 60 mil pessoas estão no breu. É mais um apagão, de tantos, na conta da Enel. Ninguém na região metropolitana de São Paulo aguenta mais essa situação, pois num dia são 60 mil, no outro 100 mil, depois são 200 mil e fica por isso mesmo, pois o poder público (que deveria entrar quente em cima da Enel) não faz absolutamente nada. É uma situação vergonhosa, que afeta o MME e a Aneel e seus dirigentes fingem que não é com eles. Muita cara de pau desses dirigentes e políticos que mandam no SEB.

Este editor vai repetir algo que já escreveu. Trabalha na cobertura do setor elétrico brasileiro desde a década de 90. E nunca viu tanta cortesia e paciência das autoridades federais com uma empresa de distribuição que está sempre deixando os seus consumidores no escuro. Por que será, hein? Este velho jornalista não tem uma resposta. Se alguém puder ajudar, ele agradece a contribuição. Gostaria de entender melhor porque a Enel é tão privilegiada com a gentileza das autoridades do SEB.

É verdade que as equipes de emergência da Enel devem estar trabalhando duro para reconectar os consumidores desligados e até a noite esse número de 60 mil infelizes deverá diminuir. Ainda bem. É um pessoal que trabalha muito e seriamente.

De qualquer forma, não é uma boa notícia para a Enel, que luta desesperadamente para superar seus problemas operacionais, melhorar a imagem e consequentemente se habilitar em melhores condições à renovação da sua concessão. No momento, a Aneel e o Ministério de Minas e Energia discutem a renovação dos contratos de concessão de distribuidoras de todo o País.

Este site não vê qualquer graça em ficar divulgando informações negativas sobre a Enel SP, mas os leitores também precisam compreender que a empresa italiana é suficientemente poderosa para resolver os seus próprios problemas.

Ela, inclusive, conta com amigos muito poderosos em Brasília, que provavelmente estão ansiosos para renovar o seu contrato de concessão e acabar logo com essa pendência, que incomoda gente graúda na Capital Federal.

Como o “Paranoá Energia” é um franco atirador, que não tem nada com isso, apenas lembra que os grandes responsáveis pela qualidade do serviço de distribuição de energia elétrica na região metropolitana de São Paulo são:

  1. Presidente Lula;
  2. Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira;
  3. Diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa;
  4. Fiscais da Aneel que trabalham na área de concessão da Enel em São Paulo. São extraordinários. Nunca encontram nada de errado na operação diária da empresa.

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