MP do SEB é eleitoreira, sim
No mesmo dia em que foi assinada a medida provisória da tal reforma do setor elétrico brasileiro (que este site prefere ver como um mero acerto regulatório que beneficia alguns tipos de agentes econômicos), o “Paranoá Energia” definiu a MP como possuidora de caráter eleitoreiro.
Dois dias depois, um cidadão entrou em contato com o site para expressar a sua opinião. Educadamente, alegou que a MP não era eleitoreira e que era uma iniciativa de justiça social deixar 60 milhões de consumidores de energia elétrica sem pagar a conta mensal.
Este editor também argumentou educadamente, dizendo que reconhecia a questão social no Brasil, mas que o objetivo do setor elétrico não era praticar a justiça social. E que seria mais razoável que eventuais subsídios no SEB fossem conduzidos através do Tesouro Nacional, por meio de todos os contribuintes, e não só de alguns, que são consumidores de energia elétrica, como o Brasil insiste em fazer, erradamente, há anos.
A conversa morreu aí, sem mortos ou feridos. Só que agora, varios analistas políticos, refletindo pontos de vistas de lideranças do Governo, alegam que o presidente Lula deposita enormes esperanças na recuperação da sua imagem pública, com vistas à eleição de 2026, em dois projetos. Um deles é justamente a MP da tal reforma do setor elétrico, que torna 60 milhões de consumidores de energia elétrica desobrigados de pagar a conta mensal de luz.
Ou seja, as pesquisas mostram a imagem do presidente da República no seu pior momento. E os próprios aspones do Palácio do Planalto reconhecem que a MP tem, sim, condições para melhorar a imagem presidencial, dando-lhe caráter eleitoreiro. Ou seja, a opinião do site “Paranoá Energia” era procedente.
A MP de hoje é uma espécie de filhote da MP 579, da época da presidente Dilma Rousseff, que também teve o objetivo de criar um ambiente que melhorasse a situação eleitoral daquele Governo. A matriz é a mesma, ou seja, o populismo que caracteriza o Partido dos Trabalhadores e do qual o Governo não consegue se desvencilhar.
É profundamente lamentável que mais uma vez o setor elétrico brasileiro esteja sendo utilizado espertamente para conquistar votos das camadas mais pobres da população.