O setor elétrico procura um novo JK
Maurício Corrêa, de Brasília —
Este editor tem conversado com alguns representantes do setor elétrico. Todo mundo pisando em ovos. Ninguém fala abertamente, mas o fato que se pode observar é que, em off, o choro é generalizado, pois tem energia sobrando e não se ganha dinheiro nessas circunstâncias.
Não se culpa o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, de nada. Até porque todo mundo entende que os problemas transcendem o MME e estão ligados à falta de um projeto factível para o país, situação que naturalmente deságua nas áreas de infra-estrutura.
Um empresário lembrou que há vários governos o Brasil vem se frustrando com a falta de uma liderança tipo Juscelino Kubitschek. Terminado o ciclo dos governos militares, em um momento acreditou-se que o novo JK seria Collor de Mello e deu no que deu. Itamar o sucedeu, mas só arrumou a casa para FHC, que ficou dois governos ouvindo a bobagem do discurso “Fora FHC”.
No primeiro governo do presidente Lula houve algum entusiasmo, pois o mundo conspirava a favor. Mas se perdeu na história cabeluda do Mensalão e depois abriu o cofre para eleger a Dona Dilma. Essa, coitada, foi uma desajeitada do início ao fim, embora por um desses milagres da Natureza tenha sido até reeleita. E conviveu com a chaga do Petrolão. O presidente Temer apareceu para, como Itamar, novamente colocar ordem na casa, pois estava uma bagunça só.
Aí veio o presidente Bolsonaro e muita gente acreditou que ele poderia ser a reencarnação de JK. Até que se descobriu tardiamente que o Capitão nunca tinha lido nada além do Manual da Artilharia, do Regulamento Disciplinar do Exército e do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Como presidente, Bolsonaro preferiu exercer ilegalmente a profissão de médico, receitando remédios para o povão que acreditava nele.
Sem surpresa, o presidente Lula está aí de novo, mas as condições do País e do Mundo são completamente diferentes daquelas que ele encontrou em 2002, quando FHC fez a gentileza de deixar a casa razoavelmente arrumada para que o PT assumisse.
Na manhã desta quarta-feira, 05 de julho, um influente empresário do setor elétrico disse a este editor que olha-se com carinho e expectativa, agora, para o governador Tarcísio, de São Paulo, o qual, na sua opinião, deverá passar a mão no espólio deixado por Jair Bolsonaro e partir pra cima do PT na próxima eleição nacional. Tarcisio é visto como um político hábil, dinâmico, que sabe como ninguém que o Brasil é um País que precisa de obras. E através das obras gerar emprego, renda e tributos.
E o Zema? Para o empresário, o governador Zema é sério e competente. Tem sido um gestor correto e eficiente no seu estado, Minas Gerais, mas é zero no quesito carisma e isso contaria numa disputa presidencial. Nesse contexto, poderia ser um vice prá lá de razoável para Tarcísio, revivendo a dobradinha “café com leite” (aliança entre São Paulo e Minas Gerais), que mandou na República Velha.
Outra hipótese para a centro-direita tirar o PT do Poder seria uma chapa Tarcísio-Michelle, cujo carisma ninguém contesta, sem contar o fato que a ex-primeira dama agregaria muito apoio à eventual candidatura de Tarcísio dos bolsões radicais que sustentaram a gestão Bolsonaro.
É ver para crer. O setor elétrico, de certa forma, sempre viveu de esperança. E agora, mais uma vez, é a esperança que se renova.