GasTrading confia na licença ambiental para projeto de Peruíbe
Maurício Corrêa, de São Paulo —
Na expectativa da realização da quinta e última sessão do processo de audiência pública exigido pela legislação, Alexandre Chiofetti, presidente da empresa GasTrading, está otimista em relação à implantação do projeto “Verde Atlântico Energias”, que compreende, na região de Peruíbe, 80 km ao Sul de Santos, a construção de uma térmica a gás natural, um sistema de regaseificação de GNL para GN, a implantação de linha de transmissão com 92 km de extensão e a comercialização de energia elétrica e gás natural.
“Não é fácil colocar em operação um projeto desse porte. Existem naturalmente algumas incompreensões, mas elas fazem parte do jogo e, com o tempo, as pessoas vão se convencer que não estamos pensando em um bicho de sete cabeças. Ao contrário, o “Verde Atlântico Energias” é o somatório de vários projetos que representam, antes de tudo, confiança no Brasil e na capacidade de recuperação da nossa economia. Em vez de ficarmos olhando para o passado, estamos mirando o futuro, com um projeto de alto nível, que vai gerar empregos, renda e tributos. Ou seja, tudo aquilo que o País precisa para dizer adeus à crise de modo definitivo”, afirmou em entrevista ao site “Paranoá Energia”.
De fato, o “Verde Atlântico Energias” é um projeto grandioso, visto sob qualquer ângulo. A térmica a gás natural, por exemplo, terá uma capacidade instalada de 1,7 mil MW. O planejamento compreende a construção de um um terminal offshore para receber GNL e a sua transformação em gás natural mediante a utilização de um navio permanentemente atracado e dotado de sistema de regaseificação. A energia elétrica produzida na térmica será escoada através de uma linha de transmissão com menos de 100 km de extensão, até uma subestação localizada em Cubatão, onde se conectará ao Sistema Interligado Nacional.
O gás natural não utilizado na geração elétrica, por sua vez, será comercializado aos consumidores que queiram utilizá-lo em processos industriais, aproveitando as instalações da Comgás, que estão a cerca de 82 km da UTE. Da mesma forma, a energia elétrica do projeto aumentará o grau de confiabilidade do sistema de abastecimento no Estado de São Paulo. Para edificar tudo isso, Chiofetti diz que serão necessários investimentos da ordem de R$ 5,6 bilhões.
Por questões estratégicas, ele não diz nomes, mas garante que existem investidores muito interessados em participar do empreendimento, pois acreditam na sua viabilidade técnica e comercial. Tão logo o processo de licenciamento ambiental seja resolvido, a GasTrading sairá a campo para agregar esses investidores ao projeto.
As audiências públicas anteriores ocorreram em Cubatão, Mongagá, Praia Grande e Itanhaém. A quinta deverá se realizar em Peruíbe, que é a última praia do litoral Sul do Estado de São Paulo. Como costuma ocorrer em projetos dessa magnitude, alguns adversários se levantaram contra o “Verde Atlântico”, mas Chiofetti acredita que será possível manter um diálogo em alto nível até o final do processo, quando os empreendedores esperam obter o licenciamento ambiental.
“Há uma espécie de medo do desconhecido. Mas quando as pessoas percebem que o projeto é sólido e se enquadra na legislação de proteção ambiental, aí, então, é inevitável que surja uma outra compreensão”, disse. “Essa questão não pode ser vista de forma emocional, pois não há razão para isso. Ao contrário, trata-se de um projeto de engenharia que vem sendo desenvolvido com todo o rigor técnico e responsabilidade, pois ninguém tem qualquer interesse em contribuir para prejudicar o meio ambiente”, afirmou.
Ele lembrou que, em outras partes do mundo, onde há igualmente leis muito rigorosas de controle ambiental, existem terminais de regaseificação e usinas térmicas convivendo em harmonia com a Natureza, sem que isso crie dificuldades entre as pessoas.
Só para citar um exemplo, em Nova York existem seis térmicas, inclusive nas proximidades de Manhattan. “E, em Pernambuco, a Termopernambuco foi construída em uma região onde já existiam hotéis e resorts e o local continua sendo um dos principais destinos turísticos do nosso País”, argumentou.
“É importante também lembrar que um dos orgulhos do nosso estado é a Cetesb, que é uma empresa ambiental da melhor qualificação técnica, um exemplo para o mundo inteiro. Na Cetesb, onde prevalece o conhecimento técnico e não a emoção ou a ideologia, com certeza haverá total respaldo à proposta”, afirmou o presidente da GasTrading, que é uma empresa integrante do Grupo Léros.
O CEO do Grupo Léros, Kleber Silva, esclareceu que a térmica ocupará uma área de apenas 69 hectares, em uma área total de 140 hectares. “Quando se compara a área necessária para gerar uma mesma quantidade de energia, uma térmica a gás natural ocupa uma área infinitamente menor do que o espaço de uma usina solar, de uma usina eólica e muito menos de uma hidrelétrica. E o terminal ficará a 10 km do litoral, configurando uma distância totalmente segura para a população. Não há razões para temer impactos ambientais com o projeto”, garantiu Silva.
Ele explicou que o Estudo de Impacto Ambiental, oficializado no dia 05 de abril, foi elaborado pela consultoria Tetra Tech, que reuniu especialistas de várias áreas e sólida formação acadêmica em Engenharia Mecânica, Engenharia Oceanográfica, Química, Geografia voltada para o Controle Ambiental, Biologia, Desenho Industrial, Engenharia Ambiental, Engenharia de Costas e Portos, Meteorologia, Direito, Engenharia Elétrica, Engenharia Florestal, Botânica, Zoologia, Engenharia Civil, Jornalismo e até Filosofia. “O EIA-Rima ficou um trabalho de altíssimo nível, do qual tivemos muito orgulho em apresentar às autoridades”, declarou Silva.
A GasTrading vem acompanhando com atenção uma lei aprovada pela Câmara Municipal de Peruíbe, há poucos dias, que impede a instalação de empreendimentos que possam impactar o meio ambiente. A empresa, entretanto, entrou com uma ação contestando essa decisão, que tramita na Vara Cível de Peruíbe.
Segundo Chiofetti, a decisão dos vereadores é inconstitucional e se sobrepõe à legislação federal. “Além disso, está claro que a iniciativa dos vereadores se caracteriza pela falta de impessoalidade e imparcialidade e está claramente direcionada contra o nosso projeto. Acreditamos que vamos conseguir convencer as outras instâncias da Justiça que o nosso argumento é bom. Sob o ponto de vista empresarial, a decisão da Câmara não é razoável pois provoca inevitavelmente insegurança jurídica a quem pretenda investir no Estado de São Paulo”, frisou.
E completou: “Temos recebido algumas manifestações de lideranças comunitárias de Peruíbe e seria interessante consultar a população local, que coloca fé no “Projeto Verde Atlântico” e sabe como o empreendimento é importante para dinamizar a economia da região”, afirmou o presidente da GasTrading.
Na fase de implantação, o projeto estima a criação de 4.590 empregos diretos e 2.157 indiretos. E, na operação, estão previstos 350 empregos diretos e 7 mil indiretos